Pastoreio #45

Tito – Prática Pastoral

Nosso objetivo nesse pastoreio estará delimitado as orientações de Paulo a seu filho na fé Tito, foi enviado como representante do apóstolo em Creta para realizar a tarefa que, a meu ver, é a mais edificante e poderosa, instruir as pessoas acerca de Deus, combatendo as heresias, além de instruir sobre o padrão moral e comportamento que os novos líderes deveriam ter.

O trabalho pastoral pode ser melhor compreendido, não só a partir da carta a Tito, mas é nela que ressaltaremos nosso compromisso com Deus e com a sua Igreja. Vamos buscar explicitar como precisamos atuar e nos comportar como apascentadores do rebanho do Senhor.

Como pastores e pastoras precisamos resgatar na palavra de Deus, o sentido genuíno da atuação pastoral, que vai desde a escolha dos líderes, combate as heresias e cuidado do rebanho. Não podemos pensar que o pastoreio do rebanho ocorre somente com a pregação da palavra aos domingos, antes precisamos ter uma noção mais ampla do que compreende o ministério pastoral.

Penso que se buscarmos compreender o ser humano em seu todo, contemplando as suas necessidades, sentimentos e comportamentos seremos desafiados a dar-lhes respostas e orientações segundo a palavra de Deus, de modo que, essa pessoa possa conviver bem consigo mesmo, com o outro e com Deus.

Se pensarmos nessa perspectiva, de um cuidado e acompanhamento mais amplo das pessoas, talvez sintamos, espero em Deus que sim, uma necessidade urgente de nos aprimorar, de revermos alguns valores e objetivos como apascentadores da Igreja de Cristo.

Apascentar o povo de Deus é um desafio, relacionar-se com pessoas, respeitando-as, ajudando-as e acima de tudo amando-as, definitivamente não é tarefa fácil, mas necessária, é a nossa missão.

Objetivo da carta: O tom instrutivo desta epístola é similar ao da primeira de Paulo a Timóteo. Tanto Tito como Timóteo suportaram muitas críticas de falsos ensinadores durante os seus ministérios. Paulo exorta Tito a continuar pregando a sã doutrina (Tt. 2.1) e usar a sensatez na questão da nomeação dos líderes na igreja ( Tt. 1.5-9).
Fonte: Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico –Grego, Ed. CPAD, p. 1272.

Prática pastoral >>> Na carta o apóstolo Paulo dá a Tito uma missão, existem questões que precisam ser tratadas e organizadas na igreja. A Tito foi dada a missão de constituir presbíteros, orientar sobre as condutas que os líderes deveriam.

É bom que cuidemos de nossas vidas, que tenhamos bom testemunho para que sem palavras a igreja veja em nós o exemplo de Cristo. Aconselho a todos os que apascentam uma constante revisão em suas vidas, a meditação na palavra e a confrontação que ela propicia devem funcionar como regulador das vidas daqueles que são do Senhor.

A Responsabilidade – Tito 1

 

Tito 1.3-5
03 No devido tempo, ele trouxe à luz a sua palavra, por meio da pregação a mim confiada por ordem de Deus, nosso Salvador, 04 a Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum: Graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador. 05 A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

O apóstolo não deixou alguém para tratar dos assuntos da igreja, que antes, não tivesse sido alcançado pela palavra, Tito é considerado como um fruto do ministério da pregação de Paulo.

Tito foi deixado em Creta para de cidade em cidade, com grandes reponsabilidades para estabelecer os presbíteros, no versículo 5 a palavra grega “Kathistemi” não indica ordenação como se entende. O uso desta palavra em Atos 6.03 sugere aprovação de alguém para liderança que havia sido escolhido pela congregação. A congregação por conhecerem melhor os que dentre eles viviam e guiados pelos critérios de Paulo, indicavam seus líderes que deveriam ser aprovados pelo apóstolo ou pelos seus enviados, nesse caso por Tito.
Fonte: Comentário Histórico – Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards, Ed. CPAD, p. 482.

Ressaltando ainda esse entendimento, da escolha dos ministros pela congregação, segue o comentário de Champlin:

“Se qualquer indivíduo pudesse tornar-se ministro, simplesmente porque assim quisesse fazê-lo, sem o reconhecimento devido das autoridades levantadas por Deus, a igreja em breve seria desviada para um caminho estranho e prejudicial.
Já naquela época inicial da história cristã, devemos supor que eram consagrados certos homens aos ministérios diversos quando demonstravam a fé cristã devida e a posse dos dons espirituais. O apóstolo Paulo possuía essas qualificações (ver 1 Tm. 1.11,12), e os supervisores por ele nomeados (sob sua autoridade, pelo menos), também deveriam dar provas disso em seu ministério. Posteriormente, quando os dons ministeriais e espirituais começaram a desaparecer, e quando o ministério “profissional” veio tomar o lugar desse ministério divinamente levantado, então bastava um voto, da parte da congregação, para conferir autoridade a novos pastores. Esse voto é correto, mas deveria alicerça-se sobre qualificações espirituais autênticas e sobre sinais do Espírito Santo.”
Fonte: O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo, R.N. Champlin, Ed. Hagnos, p. 418.

Observemos como Paulo preocupava-se com a escolha dos presbíteros, fazendo necessário uma aprovação do candidato escolhido pela igreja local. Deve fazer parte do nosso trabalho pastoral orar, avaliar, sondar, testar e investigar aqueles que pretendemos alçar a líderes na igreja de Deus.

Não é de se estranhar que de modo geral possamos ver tantas pessoas ocupando a posição de liderança na igreja, mas sem aparentemente demonstrar o devido preparo. Como apascentadores da igreja não devemos agir por emoção, por nepotismo, por interesses que não sejam os interesses de Deus para estabelecermos as lideranças nas igrejas.

Assim como Tito recebeu uma missão, nós também temos, deveríamos perguntar a nós mesmos se estamos e como estamos fazendo. Como servos e servas do Senhor temos tratado dos assuntos da igreja de Deus seguindo os critérios bíblicos?

Quando refletimos sobre o que Paulo escreve em 1 Tm. 3.2-13, como nos sentimos, qual a percepção acerca de nós mesmos? Ao escolhermos os líderes da igreja usamos a palavra de Deus como balizadora para essa escolha?

Na carta a Tito (1.7-8) encontramos as características negativas que os líderes não deveriam ser, são elas; soberbos, iracundos, dados ao vinho, espancador, cobiçoso. Também relata as características positivas que os líderes deveriam ser, são elas; hospitaleiros, moderados, sensatos, justos, amigos do bem, consagrados para Deus.

Prática pastoral >>> Acredito que trechos da palavra como esse em Tito, deveriam ser gravados em nossa mente, estar sempre a mão, nós como apascentadores deveríamos diariamente realizar a leitura dos textos bíblicos para verificarmos se estamos na vontade do Senhor.

Precisamos ter cuidado com a nossa própria vida para não ter a nossa mente cauterizada, as vezes podemos nos acomodar por termos um título eclesiástico, uma posição de liderança, por termos desenvolvidos hábitos e técnicas, não demonstrando mais o fruto do Espírito, estas acomodações podem gerar em nós indisposição a mudanças.

É sábio que entendamos quão grande responsabilidade o Senhor nos confiou, devendo nortear a nossa vida, contribuir com a do Outro e agradar a Deus.

A Missão – Tito 2

Percebe-se no capítulo dois o desenvolvimento de características bíblicas para o ministério do púlpito, para a comunidade de fé e para os lares cristãos.

Tito 2.1-2
01 Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina. 02 Ensine os homens mais velhos a serem sóbrios, dignos de respeito, sensatos, e sadios na fé, no amor e na perseverança.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Se por um lado é verdadeiro o entendimento de Musônio, sobre a análise e descoberta do que é adequado através do analisar:

“O filósofo Musônio Rufo descreveu o objeto da filosofia como “descobrir, pela discussão, o que é adequado e apropriado e então prosseguir em sua execução.”
Fonte: Comentário Histórico – Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards, Ed. CPAD, p. 483.

É verdade para nós cristãos que devemos analisar, verificar na palavra de Deus o que é adequado ou não antes de seguirmos fazendo, nosso padrão de comportamento e entendimento acerca da vida estão descritas na bíblia. O ensino de Paulo para Tito requer não somente o conhecimento teórico bíblico, mas a prática dos ensinamentos do Senhor.

A instrução dada pelo apóstolo a Tito deixa claro que a sua missão era importante, pois o bom andamento da igreja dependeria do tipo de ensino que a mesma receberia. Naquela época alguns tentavam fazer a igreja errar, para isso insistiam em seus ensinos legalistas (Tg.1.10), os mesmos deveriam ser refutados, exigindo assim que Tito tivesse conhecimento dos ensinos de Jesus para que, então, pudesse consolidar a igreja na palavra genuína.

Tito deveria instruir os anciãos, lembrá-los sobre os seus deveres, esses deveriam ter um comportamento condizente com a palavra, claro que deveria exortá-los com amor, entretanto não deveriam deixar de serem alvos da exortação. A confrontação não se limita a idade, não se limita a posição eclesiástica, tempo de igreja, social ou econômica, a palavra de Deus é poderosa para instruir a todos.

Tito 2.3-5
03 Semelhantemente, ensine as mulheres mais velhas a serem reverentes na sua maneira de viver, a não serem caluniadoras nem escravizadas a muito vinho, mas a serem capazes de ensinar o que é bom. 04 Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos,
05 a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus próprios maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja difamada.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

As mulheres mais velhas deveriam ajudar as recém casadas a edificarem suas casas, tendo sua família como prioridade, a se comportarem de modo a não darem escândalo a igreja. Tito deveria sentir-se responsável pelas famílias cristãs a ponto de instruí-las para que o lar cristão se mantivesse em harmonia, que fossem fortalecidos uns pelos outros e submissos para não difamarem a palavra de Deus.

Sobre difamarem a palavra de Deus, Champlin comenta que:

“No grego temos o verbo “blasphemeo”, que significa “falar injuriosamente contra”, “difamar”. Se aquelas jovens mulheres, que se professavam crentes, viessem a falhar em qualquer dessas coisas, demonstrando ser esposas deficientes e exemplos indignos de santidade, a primeira coisa que os pagãos fariam era rir-se da doutrina e dos ensinamentos do cristianismo.”
Fonte: O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo, R.N. Champlin, Ed. Hagnos, p. 428.

 

Tito 2.6-8
06 Da mesma maneira, encoraje os jovens a serem prudentes. 07 Em tudo seja você mesmo um exemplo para eles, fazendo boas obras. Em seu ensino, mostre integridade e seriedade; 08 use linguagem sadia, contra a qual nada se possa dizer, para que aqueles que se lhe opõem fiquem envergonhados por não terem nada de mal para dizer a nosso respeito.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

A responsabilidade de Tito incluía toda a igreja, toda a família cristã, e os jovens estavam incluídos nessa tarefa, eles deveriam ser encorajados, a palavra encoraje (v.6) no grego é “parakeleo”, que significa “encorajar”, este termo sugere união; relacionamento íntimo e pessoal, verdadeira amizade na qual se pode aprender e obter forças uns dos outros.
Fonte: Comentário Histórico – Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards, Ed. CPAD, p. 484.

Para conseguir encorajar os jovens Tito deveria “ter cheiro de ovelha”, ou seja, conviver no meio deles, participar, estar junto, discipular. É importante perceber como o apóstolo também exorta a Tito, ele deveria ser exemplo para os jovens. Como nos darão crédito, se o que ensinamos não vivemos?

A mensagem pregada por Tito deveria ser sadia, tendo como base a sã doutrina, assim geraria saúde espiritual e comportamental nas pessoas, mensagem que não só seria ouvida, mas vista em seu comportamento tanto pelos domésticos da fé como pelos pagãos.

Tito 2.9-10
09 Ensine os escravos a se submeterem em tudo a seus senhores, a procurarem agradá-los, a não serem respondões e 10 a não roubá-los, mas a mostrarem que são inteiramente dignos de confiança, para que assim tornem atraente, em tudo, o ensino de Deus, nosso Salvador.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Os escravos cristãos deveriam ter um comportamento de modo a glorificarem a Deus, chamando a atenção dos incrédulos para a sua fé. Na comunidade cristã os escravos também têm responsabilidade com o Cristo, com a igreja e com seu patrão. O cidadão cristão, mesmo que não seja um dos ministros da igreja de Deus, tem responsabilidades com crentes e não crentes, principalmente com Cristo.

Champlin comenta que:

“[…] o escravo não cumpria suas obrigações somente porque obedecia. Deveria buscar “agradar” e “satisfazer”, a seu senhor, indo além do que lhe era exigido. Ora, é isso que o cristianismo exige do crente, ser um escravo (de Cristo) melhor que os escravos incrédulos, dotado de maior submissão, mais agradável ao Senhor, sem dúvida com a ideia que cumpriria a sua tarefa determinada por Deus.”
Fonte: O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo, R.N. Champlin, Ed. Hagnos, p. 428.

Prática pastoral >>> Podemos perceber que a prática pastoral nos envolve com todos, desde o bom andamento da igreja, organização, análise bíblico e testemunhal das atuais e novas lideranças, o pastoreio prático de todas as faixas etárias.

Tito deveria ter o conhecimento acerca dos ensinos de Jesus, a capacidade de argumentação, bom testemunho, cuidado pastoral com toda a família cristã, disposição para lidar com pessoas, estar disposto a confrontar, perdoar, instruir, amar em nome de Cristo.

Se pensarmos em uma perspectiva ampla do trabalho pastoral, perceberemos que há muito trabalho para ser feito, quem apascenta pessoas precisará ter ciência da missão e disposição para fazer o melhor para Deus e para o seu rebanho.

Precisamos pastorear na essência da palavra, cuidar das pessoas, para isso é imprescindível que preguemos a palavra de Deus como ela é, sem distorções, precisamos estar dispostos a caminhar juntos com as pessoas, buscando ajudá-las, sendo serviçais da Igreja do Senhor. Pastorear vai além da pregação aos domingos.

Até o próximo pastoreio aonde abordaremos a carta A FILEMOM COM O TEMA “COLOCANDO-SE NO LUGAR DO OUTRO”.

 

2017 Vivendo a Prática Pastoral
sendo uma igreja bíblica e relevante

Serviçal da Igreja
Ronildo Queiroz

Pastoreio #44
Pastoreio #46