Pastoreio #28

Uma Igreja que estende as mãos

Uma igreja que confessa Jesus Cristo como seu Senhor não pode ser egoísta, precisa ter um espírito doador, precisa ter compaixão estendendo as mãos para o outro a medida em que as necessidades surgem, ajudando-os dentro das suas condições.
Esse entendimento se dá pelo exemplo deixado pelo próprio Senhor Jesus que em algumas passagens bíblicas aparece, seja multiplicando os pães e peixes (João 6.1-13), seja chorando por Lázaro (João 11.35) ou perdoando a mulher adúltera (João 8.11) entre outras atitudes.

A igreja de Cristo não pode viver somente na atmosfera espiritual, nas celebrações isolando-se do mundo externo. Precisamos ser agentes de Deus que interferem de modo positivo na sociedade. Precisamos ser uma igreja que ouve os gemidos dos necessitados.
A indiferença às necessidades alheias indica que a igreja não assimilou com clareza os exemplos de Jesus. Não basta apenas orar, mas precisamos “dentro das nossas forças” ajudar os domésticos na fé e os não cristãos.

…fé sem obras não vem de Cristo

Tiago 2
14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?
15 E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano,
16 E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
17 Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.

(Tradução – Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

14-17 Amigos, vocês acham que chegarão a algum lugar apenas ouvindo, sem partirem para a prática? Falar sobre fé prova que alguém tem fé? Por exemplo, se você encontra um velho amigo desempregado e em situação difícil e, vendo as suas lutas, você diz: “Meu amigo! Deus o ajude! Seja abençoado!”, e depois vai embora sem nem lhe oferecer nada, aonde isso o leva? Não é óbvio que falar de Deus sem atitude coerente não tem o mínimo sentido?

(Tradução – Bíblia A Mensagem – Ed. Vida)

…arrependeram-se, ouviram, creram e doaram

Atos 2
38 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
39 Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
40 E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41 De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,
42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43 E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47 Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.

(Tradução – Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

O homem natural é mesquinho, egoísta e sem misericórdia, mas a partir do momento em que ouve a palavra de Deus e crê, o Espírito Santo o convence da justiça e da misericórdia do Senhor, então esse homem passará pelo processo do novo nascimento. No texto acima percebemos que através da fé houve unidade e a disposição em estender as mãos ao próximo.

…somos parte do mesmo corpo

Somos a Igreja de Cristo e fazemos parte da mesma denominação, ICPBB, esse entendimento deveria gerar em nós um espirito de compartilhamento, de doação e ajuda mútua.

É triste perceber ações egocêntricas em nosso meio como se estivéssemos em uma disputa cujo o lema é “cada um por si e Deus por todos”, se não nos dispomos a estender as mãos aos próprios irmãos de fé será que conseguiremos ajudar os de fora?

…uma igreja sensível a necessidade do outro

Na igreja primitiva o sentimento de posse foi substituído por um sentimento de amor, compaixão, compartilhamento, fortalecendo assim a coletividade através das ações práticas, suprindo a necessidade material de acordo a urgência de cada um.

Atos 4
32-33 Toda a comunidade de cristãos estava unida – um só coração, uma só mente!
Eles não alegavam direito de propriedade nem do que era deles. Ninguém dizia: “Isto é meu, e de ninguém mais”. Eles compartilhavam tudo. Os apóstolos davam um testemunho poderoso da ressurreição do Senhor Jesus, e a graça repousava sobre todos eles.

34-35 Além disso, ninguém do grupo passava necessidade. Os que possuíam campos ou casas vendiam suas propriedades e entregavam o dinheiro da venda aos apóstolos, como oferta. Os apóstolos, por sua vez, distribuíam esses recursos de acordo com a necessidade de cada um.

36-37 José, que os apóstolos chamavam de Barnabé (que significa “Filho da Consolação”), levita nascidos em Chipre, vendeu uma propriedade que possuía, trouxe o dinheiro e o entregou como oferta aos apóstolos. (Tradução – Bíblia A Mensagem – Ed. Vida)
Você é sensível ao clamor do próximo ?

A igreja que você lidera ou congrega é sensível a dor das pessoas?

…precisamos adorar com ações

A adoração a Deus precisa ser confirmada com os nossos atos.
No livro do profeta Isaías o Senhor rejeita um culto que estava sendo prestado pelo povo justamente por não fazerem o bem.
Uma boa liturgia, um bom cântico, uma eloquente pregação ou ainda a presença maciça das pessoas nos templos sem a prática do bem não atrairá a atenção de Deus, não somos “atores” que representam, mas cristãos que devem ter uma vida coerente com a palavra do Senhor.

Isaías 1
16 Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal.
17 Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.

(Tradução – Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

…um exemplo para imitarmos e sermos relevantes

Dwight Lyman Moody é conhecido como um dos mais influentes evangelistas do século XIX, (05/02/1837 – 22/12/1899).

“Preocupado com a evangelização de crianças, estabeleceu escola dominical para crianças nas zonas mais pobres da cidade. Em pouco tempo havia mais de mil crianças, além de seus pais, freqüentando semanalmente. O trabalho cresceu, transformando-se numa Igreja.
Foi após sua viagem à Inglaterra que Moody se tornou mais conhecido como evangelista. Nesse país, suas reuniões pareciam verdadeira tempestade. Sua pregação teve um impacto tão grande como as de George Whitefield e John Wesley. Em várias ocasiões encheu estádios com capacidade entre 2 a 4 mil pessoas. Em uma reunião no Botanic Gardens Palace se juntaram entre 15.000 e 30.000 ouvintes e sempre aumentando nas reuniões seguintes.

O mundo vivia o começo da industrialização, com todos os seus problemas. Moody contextualizou sua mensagem e trouxe o evangelismo para seus dias. Pregava um evangelho simples. Ele insistia em que os homens colocassem suas riquezas em boas causas, como cuidar dos pobres em áreas urbanas. Aplicou técnicas de negócio no planejamento evangelístico. Música, aconselhamento e acompanhamento faziam parte de uma abordagem organizada para atingir o coração das pessoas.”

Fonte: http://www.iprb.org.br/biografias/vultoscristianismo/Moody.htm

…inversão de valores

Em um mundo egocêntrico onde as pessoas são guiadas pela impulsividade e a busca da autosatisfação, perceber-se a falta de amor e respeito pelo próximo.
Nesse contexto o mais importante passa a ser o êxito individualizado, a aquisição de bens e a consolidação de uma posição de sucesso na sociedade mesmo que ele ocorra próximo da miséria alheia.

O mais trágico é que a ênfase de algumas “igrejas” está em ensinar cristãos a serem bem sucedidos com falácias egocêntricas desprovidas da bíblia (interpretada incorretamente, desconsiderando a mensagem principal do contexto) gerando cristãos sem o desejo de estender as mãos ao necessitado.

Nesse contexto de “igreja negócio” e pregação de autoajuda alguns cristãos tornaram-se pessoas avarentas, trocam as coisas eternas pelas terrenas, valorizam mais os bens materiais do que a vida humana e seguem cegos sem percerberem que a vontade de Deus – que é Dono do ouro e da prata – (Ag. 2.8) – está em salvar/ajudar pessoas – (Jo 3.16) abrindo mão do que é precioso – seu único Filho Jesus – por amor ao ser humano.

…a ação visível do Espírito Santo

No contexto de Atos 4.32-37 percebe-se a ação do Espírito Santo gerando no intimo dos cristãos um amor sacrificial, dissolvendo o egoísmo, ou seja, os cristãos manifestavam de modo espontâneo a sua fé com atitudes práticas em relação ao próximo.
Segundo Champlin, “Se Alguém deseja realmente demonstrar a Cristo em sua vida, pode fazê-lo com maior eficácia e brilhantismo permitindo que o Espírito Santo crie em seu homem interior, o amor de Deus, aquela notabilíssima força motivadora que transparece por detrás de toda a missão de Cristo e do destino que Deus planejou para a humanidade remida. O verdadeiro amor é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo, a manifestar-se no crente (Gl.5.22-23).”
Fonte: O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo, R.N. Champlin, Ed. Hagnos, p. 106.

…o próprio Deus preocupa-se com o bem estar do ser humano

Senhor cuidou do profeta Elias anviando pão e carne pela manhã e noite através dos corvos, além de orientar o profeta partir até o ribeiro de Querite para que não lhe faltasse água para beber, depois o levou até a viúva de Sarepta (1 Reis 17).

Mais uma vez o Senhor preocupou-se com as necessidades humanas do profeta Elias, enviou um anjo para despertá-lo e de modo miraculoso havia pão cozido sobre brasas e uma botija de água, assim o profeta recobraria a força e seguiria em sua caminhada (1 Reis 19).

O próprio Jesus compadeceu-se da multidão que o seguia e proveu alimento para eles à partir de cinco pães e dois peixes (Marcos 6.34-43).

No deserto de Berseba Deus socorreu o filho de Agar que foi lançado debaixo de uma das árvores para morrer de sede, entretanto o Senhor compadeceu-se da criança e providenciou um poço com água (Gn. 21.15-21).

Se o próprio Deus preocupa-se com as necessidades básicas dos seres humanos, se o próprio Jesus importou-se com a alimentação para a multidão que o seguia, penso que nós como igreja deveríamos seguir o exemplo do nosso Senhor e estendermos as mãos aos aflitos e necessitados.

 

 

2016 O Ano da Igreja
sendo uma igreja bíblica e relevante

 

Serviçal da Igreja
Ronildo Queiroz