Pastoreio #40

Efésios – Somos parte do mesmo corpo

A carta aos Efésios deixa claro o ensino da reconciliação através do sacrifício de Cristo na cruz. Como igreja de Jesus não temos em nenhum outro meio ou pessoa reconciliação com Deus se não pelo sacrifício salvífico feito pelo Filho.

Como denominação tudo que fizermos ou ensinarmos que não tenha como figura central a Cristo, é suspeitável, não reflete os escritos bíblicos do Novo Testamento já planejado no Antigo Testamento.

Há registros de que nos dias do Novo Testamento havia uma vida religiosa intensa em Éfeso, uma numerosa colônia judaica, o paganismo era vigoroso e a comunidade cristã estava em crescimento, a cidade reunia várias nações, era cosmopolita, que buscavam praticar a sua religiosidade.

“Éfeso tornou-se um dos grandes centros do movimento cristão primitivo. De fato, depois que Jerusalém foi destruída, no ano 70 D.C., tornou-se o centro cristão mais importante da época. Paulo passou ali três anos, evangelizando a cidade e a região em derredor, de tal modo que a Igreja Cristã ficou bem estabelecida na Ásia Menor (na porção ocidental da moderna Turquia).”
Fonte: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, vol. 2, R.N. Champlin, J.M. Bentes, Ed. Candeia, p.287.

Em Éfeso estava localizado o templo da deusa Diana que tornou-se a principal deusa da cidade mesmo em meu ao politeísmo. O movimentado comércio em Éfeso também se dá pela venda de apetrechos religiosos, a deusa Diana era responsável por boa parte desse comércio em nome da fé. O templo aonde se adorava Diana foi construído por volta de 550 A.C. chegando a ser considerado uma das maravilhas do mundo antigo.

Éfeso era uma antiga cidade grega no território a Lídia, na Ásia Menor, era uma das mais importantes cidades da Ásia Menor, no que atualmente é a Turquia. A prosperidade de Éfeso devia-se em parte aos favores feitos por seus governantes. Lisímaco chamou a cidade de Arisone, em honra a sua segunda esposa. Atalo Filadelfo construiu excelentes docas e instalações portuárias. Éfeso tornou-se um grande empório da Ásia Menor, no lado ocidental das montanhas do Taurus. Era a capital da Ásia proconsular, uma cidade rica e o principal porto da costa ocidental da Ásia Menor. Provavelmente seu nome significa “desejável”.
Fonte: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, vol. 2, R.N. Champlin, J.M. Bentes, Ed. Candeia, p.287, 288.

Objetivo da carta: O tema principal desta carta é o fato de que a igreja (ekklèsia) é o corpo de Cristo (Ef. 1.22,23; 2.15,16). Também metaforicamente, Paulo falou da igreja como uma edificação da qual Cristo é a principal pedra de esquina (Ef. 2.20-22), e comparou a igreja a uma esposa que logo se unirá a Cristo (Ef. 5.21-33).

A ideia é de que um corpo tem partes individuais que devem operar como uma unidade. O plano de Deus é unir todos os crentes (Ef. 1.10), tendo Cristo como cabeça (Ef. 1.22,23).
Fonte: Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico –Grego, Ed. CPAD, p. 1233.

Somos abençoados, fazemos parte do corpo. (Efésios 1)

A igreja é comparada com um corpo, um corpo que possui vários membros, que foi resgatado santificado e que tem sido guiado e cuidado por Jesus que é a cabeça desse corpo.

Efésios 1.22-23
22 E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja,
23 Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.
(Bíblia utilizada: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Efésios 1.3
03 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;
(Bíblia utilizada: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

O bondoso Pai nos favorece sem que mereçamos tal favor, em Cristo torna-nos dignos, aceitáveis, nos abençoa “eulogia” usando de benevolência, essas bênçãos são de Deus para os homens, são espirituais “pneumatikos” e não carnal, distribuídas pelo Espírito Santo tendo como base o sacrifício de Cristo, pelo qual somos beneficiados por estarmos Nele (v.03).

Prática pastoral >>> Penso que é importante termos a consciência que o projeto Igreja partiu de Deus, nossos planos e ideias sempre estão e devem estar corroborando com a vontade do Senhor.

Se o plano não é nosso muito menos a Igreja, logo, precisamos buscar compreender nosso lugar no Corpo sem desprezar qualquer outro membro, sem depreciar esse ou aquele, pois foi Deus quem nos abençoou e é Ele que segue nos abençoando.

Não nos achemos a cabeça do Corpo, pois Jesus Cristo é quem de fato o comanda.

Fomos escolhidos e adotados para ser corpo. (Efésios 1)

Uma escolha que em sua nascente, Deus amando o mundo de tal maneira Jo. 3.16, que não exclui, antes possibilita que todos sejam alcançados pela fé em seu Filho nosso Senhor Jesus Cristo.

Efésios 1.4
04 Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;
(Bíblia utilizada: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Havia um propósito estabelecido por Deus que foi planejado nos céus, antes do “Kosmos”, do mundo criado. Ele nos elegeu “ekseleksato”, ou seja, “selecionou entre”. Precisamos ser irrepreensíveis “amómos”, sem defeito, inculpáveis, tendo como modelo a Cristo o Cordeiro sem mácula, mancha ou defeito, fala de padrão moral e espiritual. Assim como Jesus é o Filho, Deus quer que sejamos também filhos seus (v.04).

Efésios 1.5
05 E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
(Bíblia utilizada: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

O Senhor antecipa a forma pela qual os homens poderiam tornar-se filhos de Deus, pela fé no sacrifício da cruz em um ato de vontade, bondade e propósito do Senhor (v.05).

… um convite para todos

Nessa perícope há dois termos que devem ser examinados, para explicar o tão debatido tema da escolha e predestinação de Deus. O primeiro encontra-se no versículo 4, “[Ele] elegeu”, uma tradução da palavra grega ekseleksato, que significa “selecionou entre”.

O segundo verbo está no versículo 5, proorisas, “prooridzó”,”determinar anteriormente ou predestinar” (cf. At. 4.28; Rm. 8.29; 9.11; 1 Pe 1.2,20). É interessante que Pedro se refere ao conceito da predestinação no dia de Pentecostes. Ele disse (falando sobre Cristo): “a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos”. O conceito do livre-arbítrio é aqui combinado com a responsabilidade pelos próprios atos. Deus entregou seu Filho, e os homens tiveram a escolha do que fariam cm Cristo. Eles escolheram crucificá-lo, e ficaram com a responsabilidade pelo seu ato.

Em 1 João 2.2, o autor diz: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados [isto é, dos crentes], e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”. Por conseguinte, a obra de Cristo, que Ele realizou na cruz, foi destinada a todos. Repetidas vezes, Deus quis que “todo aquele que nele crê” pode obter a salvação (João 3.16-18,36; At. 10.43). Vir até Cristo é um convite para todos, e todos os que ouvem o evangelho são responsáveis e inescusáveis se não aceitarem a Cristo.
Fonte: Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico –Grego, Ed. CPAD, p. 1234.

Prática pastoral >>> Penso que o grande favor de Deus para nos resgatar pelo sacrifício de Jesus não pode ser banalizado, não podemos viver como se o sacrifício na cruz não nos desse também uma responsabilidade diante de tão grande sacrifício.

Quando temos fé em Jesus podemos usufruir do perdão, da justificação e da atuação do Espírito Santo, só assim temos condições de realizarmos obras que glorifiquem a Deus.

O corpo foi comprado por Jesus (Efésios 1)

Como poderíamos ser Igreja de Deus sem o ato da remissão, do perdão através do sacrifício do Filho. O Senhor não nos enviou o “orçamento da remissão dos nossos pecados”, antes, pagou a nossa dívida.

Efésios 1.07-12
07 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, 08 Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; 09 Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10 De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11 Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; 12 Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo;
(Bíblia utilizada: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Em Cristo obtivemos a redenção “apolytrósis”, libertação do pecado em razão de um pagamento ter sido feito através do derramamento do seu sangue (v.07).

Deus partilha conosco da sua sabedoria “sophia” lançando luz e revelando os seus propósitos, da prudência “phronésis”, que fala de discernimento moral e intelectual trazendo uma compreensão que leva a agir corretamente (v.08).

Fomos iniciados por Deus em Cristo para assim, poder conhecer o “mystérion” segredo acerca das coisas espirituais, pela sua vontade “theléma” Deus desejou propor nos salvar através de Jesus (v.09).

Deus quis tornar a congregar “anakephalaiomai”, ou seja, reunir em uma só peça, reduzir a um único ponto, Jesus Cristo o cumprimento de tudo, na dispensação “oikonomia” administrando todo o propósito tanto nos céus como na terra, na plenitude dos tempos “kairos” fazendo referência ao tempo apropriado para a vinda do Messias no seu reino, ou para juízo. (v.10).

“O costume grego era somar uma coluna de números e colocar o resultado em cima, e este nome foi dado a tal processo. Desse modo usava-se a palavra em retórica para resumir o discurso ao seu final, de modo a mostrar a relação de cada parte com argumento todo.” Fonte: Efésios – Introdução e comentário, Francis Foulkes, série cultura bíblica, Ed. Vida Nova, p. 45.

Em Cristo fomos feitos herança “kléronoméo” que no Novo Testamento remete a amigos de Deus, sendo então admitidos no reino dos céus, com direitos e privilégios. O Senhor já havia predestinado “prooridzó” determinado antes o propósito de nos salvar, o seu decreto eterno (v.11).

Que seriam louvor “epainos” algo elogiável por ser visto nos crentes em Jesus para a glória “doksa” dignificando a Deus pelas perfeições divinas operadas graças a ação/poder do Senhor na vida dos cristãos,(v.12).

Prática pastoral >>> Não podemos deixar a nossa fé ser prejudicada por quaisquer situações ou pessoas, percebemos pelo texto como Deus planejou a nossa salvação, como as vezes nos “esbarramos”, brigamos por coisas fúteis e permitimos divisão no corpo que foi comprado por um alto preço.

Seria interessante se a partir dessa leitura decidíssemos sofrer mais, suportar mais, crer mais e acima de tudo seguir crendo que o plano de salvação é real e breve ocorrerá.

O Espírito Santo cuida do corpo. (Efésios 1)

É perfeitamente compreensível que após comprarmos algo passamos a cuidar, zelar para que dure o quanto puder fazer durar. Jesus com o seu sangue nos comprou e o Espírito Santo nos guarda e zela para que o corpo seja conservado para toda a eternidade.

Efésios 1.13-14
13 Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa;
14 O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.
(Bíblia utilizada: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Em Cristo estamos, por termos sido atraídos pela mensagem da cruz. Agora que ouvimos a palavra da verdade “alétheia”, não está mais em oculto, pois o evangelho “evangelion” declara as doutrinas, preceitos e promessas para os que são de Cristo, detalhando o plano de salvação arquitetado por Deus. Fomos selados “sphragidzó” para nossa segurança ou preservação com o Espírito Santo(v. 13 ).

O penhor “arrhabón” palavra de origem hebraica que significa caução, no Novo Testamento é utilizada de forma metafórica, referindo-se aos privilégios dos cristãos em terem habitando em seus corpos o Espírito Santo que serve como uma garantia de que iremos encontrar com o Mestre, nossa redenção “apolytrósis” foi feita pelo sacrifício na cruz e estamos livres em Cristo das consequências do pecado, uma delas a morte eterna (v. 14 ).

Prática pastoral >>> Se há um Hóspede que devemos sempre tratá-lo bem, com respeito, temor e amor é o Espírito Santo que habita em nós (1 Co. 3.16). Ele atua de modo a zelar, preservar a nossa vida (Rm. 8.26) em Cristo até que o arrebatamento ocorra.

Certa vez me perguntaram se eu havia deixado o Espirito Santo, ou me esfriado na fé, minha resposta foi “certamente que não! pois o motivo de estar de pé, orientado e guardado eu devo ao Espírito Santo”, não há como vencermos sem a ajuda desse Fiel ajudador.

Penso que às vezes reduzimos as ações do Espírito Santo a meras percepções sensoriais e até a produções humanas, tenho a impressão que Deus quer revelar a sua plenitude para a igreja, mas nós continuamos nas “águas rasas”.
Que nós como Igreja de Cristo nunca deixemos de ouvir a voz do Espírito Santo, que possamos fazer sempre parte desse corpo, da igreja comprada e cuidada pelo Senhor.

Até o próximo pastoreio aonde abordaremos a carta aos FILIPENSES com o tema “SATISFEITOS EM CRISTO”.

 

 

 

2017 Vivendo a Prática Pastoral
sendo uma igreja bíblica e relevante

Serviçal da Igreja
Ronildo Queiroz