Pastoreio #41

Filipenses – Satisfeitos em Cristo

O apóstolo Paulo com o seu grupo ao chegarem em Filipos e anunciarem a fé em Cristo são acusados de causarem distúrbios na cidade (At.16.12-21), Paulo repreende um espírito que estava em uma escrava que predizia o futuro (At.16.16-18) o que gera ainda mais ira nos senhores da escrava que levaram Paulo e Silas diante das autoridades (At. 16.19-21).

Filipos ficava localizada na parte oriental da Macedônia (At. 16.12), em uma planície a leste do monte Pangeus, entre os rios Estrimon e Nestos. Essa cidade ficava localizada em uma planície fértil, paralelamente à Vila Inácia, não muito longe das montanhas, mais ao norte. Esses fatores emprestavam grande importância estratégica à cidade. O nome da cidade derivou do genitor de Alexandre o Grande, isto é, Felipe II, da Macedônia. O apóstolo Paulo pregou em Filipos, tornando-se assim o portão de entrada das missões cristãs na Europa.
Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, vol. 2 D-G, R.N. Champlin e J.M. Bentes, Ed. Candeia, p. 761,762.

Após ter iniciado a igreja na cidade de Filipos, o apóstolo Paulo escreve a mesma com alguns objetivos que ressaltamos abaixo:

“Paulo estava na prisão (muito provavelmente em Roma; At. 28.11-31) quando Epafrodito chegou trazendo uma oferta da parte da Igreja da Filipos, uma importante colônia do Império Romano ao norte da Grécia. Paulo tinha pelo menos quatro razões para responder-lhes com uma carta. Em primeiro lugar, serviria para agradecer pelo amor e a cooperação no evangelho (1.5;4.10-19). Em segundo lugar, queria informá-los de que não se sentia abatido, embira estivesse preso (1.12-26; 4.10-19). Em terceiro lugar, ele recebeu notícias de que falsos mestres introduziram doutrinas nocivas à igreja, e Paulo os adverte a permanecerem firmes contra tais enganos (1.27-28; 3.2-4, 18-19). Por fim, preocupava-o uma séria briga entre duas mulheres da igreja, cuja desavença estava afetando a unidade de todo o corpo (4.2-3).”
Fonte: Bíblia de Estudo para Pequenos Grupos, Nova Versão Internacional, Ed. Palavra, 2011, p.1749.

O contexto religioso pagão da cidade gerava um ambiente hostil contra o cristianismo e toda a crença contraria a por eles adotada.

“No início dos anos 60 D.C. O patriotismo nas cidades romanas envolvia festivais em honra de César, da deusa de Roma e de outros deuses. A cidade inteira saía às ruas para participar de procissões com estandartes e imagens, rituais de sacrifício, discursos, comida e, às vezes, prostituição ritual e automutilação. Judeus e cristãos que ser recusavam a participar eram considerados antipatriotas, antissociais e ateus.”
Fonte : Bíblia de Estudo a Mensagem , Ed. Vida, p.1460.

Prática pastoral >>> Refletindo sobre a carta aos filipenses e como Cristo era a razão de ser da igreja, faremos alguns comentários a seguir com o objetivo de sempre ter a Cristo como centro da Igreja.

O apóstolo Paulo apresenta Cristo como o propósito da Igreja, como o exemplo de vida, como a graça e o poder de Deus. Tudo que os crentes precisavam estava em Jesus Cristo e Nele deveriam estar satisfeitos.

Lamentavelmente em muitas igrejas Cristo não tem sido o assunto principal, seja na liturgia, na pregação da palavra, na expressão de fé ou nos louvores.

Incluem na liturgia tantas oportunidades, talvez com o objetivo de dar espaço para que todos os grupos possam fazer as suas apresentações que corremos o risco de transformar o andamento do culto em um roteiro para entreter as pessoas. O que ressalto aqui é que se não tomarmos cuidado podemos transformar o culto ao Senhor em um culto para reter pessoas na denominação.

Enquanto Paulo tem a Jesus Cristo como objetivo na sua escrita e pregação, muitos pregadores e pastores da atualidade tem como tema central o dinheiro, o sucesso entre outros temas que podem levar os crentes a serem menos dependentes de Deus, de Cristo e menos envolvidos com o seu reino.

A fé deve estar em Jesus, é o que ressalta o apóstolo, em muitas igrejas atuais, o povo é induzido a por a sua fé no líder religioso, em seu suor, em objetos, ritos, campanhas que utopicamente levam o povo a “determinar” que Deus faça algo, “decretando” ou “colocando” Deus na parede, além de outras bizarrices e invencionices em nome de Deus.

Alguns cânticos além de deixarem dúvidas sobre quem estamos louvando, possuem letras com claras discordâncias bíblicas.

Aproveitando esse pastoreio em que Jesus é o centro de tudo e para toda igreja, abordaremos ao longo dessa escrita alguns assuntos que entendo serem importantes para nossa instrução e correção como apascentadores das ovelhas de Cristo.

Objetivo da carta: Embora não seja desenvolvido nenhum tema em particular, o conceito da autossuficiência de Cristo é encontrado ao longo de toda a epístola. Cristo dá significado à vida, e assim as pessoas desejam servi-lo até a morte (Fp. 1.20,21). Fonte: Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico –Grego, Ed. CPAD, p. 1241.

Embora Paulo estivesse escrevendo da prisão, a alegria é o tema predominante nesta carta. O apóstolo consegue manter a sua alegria e, falar da mesma no sofrimento (Fp. 1.1-30), no servir (2.1-30), em crer (Fp. 3.1; 4.1) e no dar /doações (Fp. 4.2-23).
Fonte: Bíblia de Aplicação Pessoal, Ed. CPAD, p. 1659.

Cristo é a nossa alegria e força – Filipenses 1

É impressionante como o apóstolo mesmo sofrendo tantas perseguições, adversidades e prisões (estava em prisão domiciliar em Roma) consegue expressar e relatar através dessa carta um sentimento de alegria por ser de Cristo e servi-lo.

Filipenses 1.12-14 e 27-30
12 Quero que saibam, irmãos, que aquilo que me aconteceu tem antes servido para o progresso do evangelho. 13 Como resultado, tornou-se evidente a toda a guarda do palácio e a todos os demais que estou na prisão por causa de Cristo. 14 E a maioria dos irmãos, motivados no Senhor pela minha prisão, estão anunciando a palavra com maior determinação e destemor. 27 Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica, 28 sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês de salvação, e isso da parte de Deus; 29 pois a vocês foi dado o privilégio de, não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele, 30 já que estão passando pelo mesmo combate que me viram enfrentar e agora ouvem que ainda enfrento.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Prática pastoral >>> Como é renovador ler as cartas de Paulo e perceber que o cristianismo impresso nos corações era muito mais fervoroso, não pela manifestação de um dom, mas pelo exemplo de vida, de fé e convicção que servia como motivação para que os servos de Deus permanecessem fiéis mesmo debaixo de sofrimentos.

A prisão de Paulo ao invés de gerar tristeza e desânimo, acabou sendo motivo para o apóstolo se alegrar por estar preso pela causa de Jesus Cristo, além de impactar com o seu testemunho e pregação do evangelho (Fp.1.12-14) a guarda Pretoriana que o guardava, os juízes e funcionários do império em Roma.

Nós cristãos precisamos pedir a Deus e buscar de forma prática ter essa mesma fé que é resiliente, determinada e fiel a Cristo independentemente da situação pela qual venhamos a passar.

Será que nós obreiros e povo de Deus temos permanecido firmados nos propósitos do Senhor ? As vezes as pessoas deixam suas congregações, seus postos por desavenças, discordâncias e não conseguem seguir o exemplo do apóstolo.

O que tem nos feito ser imaturos, infiéis com relação aos propósitos de Cristo? Será que as nossas desculpas são justas diante do Senhor, será que nós passamos coisas tão terríveis como os apóstolos passaram a ponto de sermos inconstantes, infiéis?
Como escreve o apóstolo (Fp. 1.29), temos recebido o privilégio não somente de confiar em Cristo, como o de sofrer por Ele. Penso que a maturidade cristã é alcançada quando entendemos que os sofrimentos, favores ou desfavores não são o que realmente importam, mas nossa firmeza em Cristo, quando nos alegramos Nele sejam em tempos de paz ou de guerra.

Não precisamos de bugigangas religiosas para ter fé, para seguir e prevalecer, já temos a Cristo e Nele estamos satisfeitos.

Em Cristo temos um padrão de vida – Filipenses 2

O fato de resistir aos sofrimentos e prisões permanecendo firme em Cristo, não gerou em Paulo um sentimento de autossuficiência, arrogância ou onipotência. O apóstolo demonstra ter consciência da sua dependência de Deus não exaltando a si mesmo.

Filipenses 2.5-8 e 12-16
05 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 06 que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 07 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.08 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! 12 Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, 13 pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele. 14 Façam tudo sem queixas nem discussões, 15 para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, 16 retendo firmemente a palavra da vida. Assim, no dia de Cristo eu me orgulharei de não ter corrido nem me esforçado inutilmente.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Prática pastoral >>> Se o próprio Cristo se despojou da glória, veio até nós como ser humano (criatura) e não Criador, ou seja, encarnou-se, desceu ao nosso nível, seres humanos, para nos ensinar, para nos salvar e não usou suas prerrogativas como Deus, antes tudo suportou por amor de nós.

Como nós podemos ser tão arrogantes quando fazemos questão de ressaltar uma capacidade, um titulo, uma posição ou condição em relação ao próximo. Estamos andando na contramão do exemplo deixado por Jesus repetida por Paulo que, deixava se humilhar por amor a cruz, por entender que não era maior que o Mestre, antes um servo, uma trabalhador que já inicia seu trabalho em dívida com Deus, a salvação da sua alma.

Para alguns crentes ser vencido em sua opinião ou ser removido da sua posição é algo inadmissível, muitas lutas ocorrem a partir desse sentimento de superioridade ou por se acharem insubstituíveis.

Aprendemos em Filipenses 2 que não devemos fazer nada para nossa exaltação (v.3) e que não podemos olhar somente para as nossas necessidades (v.4), antes precisamos a exemplo de Cristo servir ao próximo. O próprio Jesus não se exaltou (v. 5-8), mas humilhou-se a si mesmo, nós cristãos precisamos diminuir nosso ego, nossa autoria e exaltar a Cristo, se somos e se fazemos alguma coisa somos e fazemos Nele e por Ele, glorificado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Tudo vem de Deus (v. 12-16), tanto a salvação como a capacitação, sendo assim precisamos buscar dia após dia o amadurecimento da nossa vida cristã de modo que Cristo seja visto em nossos comportamentos.

Se nós entendermos esse capítulo de fato e decidirmos vive-lo penso que muitas lutas poderão ser evitadas, muitas feridas não serão abertas e Cristo alcançará muito mais pessoas pelo seu evangelho e pelo nosso testemunho de vida.

Em Cristo estamos satisfeitos – Filipenses 3

Além de passar por várias adversidades, Paulo também preocupava-se com os judaizantes que tentavam inserir na igreja de Filipos ensinamentos contrários aos do evangelho do Senhor. O apóstolo relata a superioridade de Cristo aos ensinos e crença judaizantes.

Filipenses 3.1-3 e 7-9
01 Finalmente, meus irmãos, alegrem-se no Senhor! Escrever-lhes de novo as mesmas coisas não é cansativo para mim e é uma segurança para vocês. 02 Cuidado com os cães, cuidado com esses que praticam o mal, cuidado com a falsa circuncisão! 03 Pois nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne, 07 Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. 08 Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo 09 e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Prática pastoral >>> A fé da igreja de Cristo não estava firmada na circuncisão, agora somente a fé no Cordeiro enviado por Deus era suficiente para salvar.

Os judeus estavam presos as suas crenças, ritos e objetos para se relacionarem com Deus, agora como igreja do Senhor não precisamos mais da arca, Kipá, Tallit ou circuncisão na carne, agora temos o próprio Deus em nós (1 Co.3.16).

Agora abrimos mão de toda a religiosidade fora de Cristo, a sua palavra nos basta, Cristo é suficiente para a sua igreja, tudo que precisamos está Nele.

Essa mudança clara de vida religiosa, para sermos pela fé filhos de Deus em Jesus Cristo (João 1.12), nos coloca em um novo e vivo patamar, alcançados pela graça , pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Os filipenses não precisavam mais voltar a velha religião, agora eles tinham a Cristo e isso lhes bastava.

Não precisamos como apascentadores crer ou ensinar nada além de Cristo, as nossas pregações precisam ser cristocêntricas, não podemos distorcer os textos bíblicos, criar atalhos ou dificuldades para o rebanho se relacionar com Deus.

O poder de Cristo nos une e nos mantém – Filipenses 4

Cristo não só nos basta como também tem o poder de nos unir, o apóstolo orienta que Evódia e Síntique sejam auxiliadas para se reconciliarem, as desavenças entres as duas senhoras estava afetando a igreja em Filipos.

Filipenses 4.1-3, 12-13 e 17-19
01 Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho saudade, vocês que são a minha alegria e a minha coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, ó amados! 02 O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que vivam em harmonia no Senhor. 03 Sim, e peço a você, leal companheiro de jugo, que as ajude; pois lutaram ao meu lado na causa do evangelho, com Clemente e meus demais cooperadores. Os seus nomes estão no livro da vida. 12 Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. 13 Tudo posso naquele que me fortalece. 17 Não que eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. 18 Recebi tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus. 19 O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Prática pastoral >>> Na conclusão da carta Paulo age como conselheiro, como mediador entre a duas que estavam em contenda, pede para que sejam ajudadas a caminharem em paz e como salvas em Cristo.

Nenhum problema é impossível de ser resolvido, Cristo tem poder para nos ajudar, basta que oremos e confiemos Nele.

O poder de Cristo na vida do apóstolo Paulo o preparou para seguir alegre com ou sem dinheiro, as condições materiais não faziam oscilar a fé ou alegria do apóstolo em Cristo (v.12).

O apóstolo Paulo estava satisfeito em Cristo de tal modo que declara poder passar por qualquer situação, pois o poder de Cristo o fortaleceria.

A igreja em Filipos por sua vez preocupava-se com Paulo, eram generosos em recolher ofertas para o ajudar, o apóstolo defende-se de alguns que o caluniava dizendo que pregava o evangelho por dinheiro. Confiava em Cristo que movia o coração da igreja para manter o servo de Deus (v.17-19).

Nós precisamos aprender mediar conflitos, regando a igreja com paz, às vezes por coisas bobas transtornamos toda a casa, rompemos com outros cristãos não considerando o sacrifício na cruz e o amor de Cristo por nós. Quando consideramos a entrega de Jesus, por fé e amor a ele somos unidos e permanecemos, mesmo sendo diferentes uns dos outros em Cristo somos um, e assim deve sempre ser.

Até o próximo pastoreio aonde abordaremos a carta aos COLOSSENSES COM O TEMA “COMBATENDO AS HERESIAS”.

 

 

 

 

2017 Vivendo a Prática Pastoral
sendo uma igreja bíblica e relevante

Serviçal da Igreja
Ronildo Queiroz