Pastoreio #42

Colossenses – Combatendo as Heresias

O apóstolo Paulo estava em prisão (Cl.4.18) quando escreve aos Colossenses, a sua preocupação era com a saúde da fé dos crentes daquela cidade, exortou-os a não diluírem o evangelho que dele haviam recebido. As heresias pelos quais estavam sendo seduzidos os afastavam de Cristo, gerando dúvidas quanto a deidade de Jesus e a suficiência do sacrifício na cruz para salvar.

A cidade de Colossos estava no vale do rio Lico, parte antiga da Frígia atualmente localizada no oeste da Turquia.

Apesar de Colossos estar situada numa estrada principal de Éfeso, sendo rota comercial e militar, durante o império romano a sua importância é diminuída em primeiro lugar, devido as cidades vizinhas, Laodicéia e Hierápolis, que estavam a aproximadamente 16 a 19 quilômetros de distância, prosperarem mais que Colossos, em segundo porque na cidade de Laodicéia que ficava ao oeste de Colossos se estabeleceu a sede da administração romana.
Fonte: Colossenses e Filemom – introdução e comentário – Ralph P. Martin – Ed. Vida Nova, p.13.

Considerando que na época do apóstolo Paulo a cidade de Colossos já estava em declínio, podemos pensar sobre quais as consequências desse declínio na vida dos cidadãos de Colossos, como os cristãos que também pareciam ser afetados, estavam lidando com a crise, quais os reflexos em sua vida cristã e como guardavam a sua fé em Cristo? Será que tais dificuldades percebidas na cidade favorecem a adoção de crenças e práticas extra bíblicas com a intenção de buscarem uma melhora econômica, financeira e social?

A igreja em Colossos estava sendo seduzida a misturar práticas religiosas judaicas, orientais e cristãs. Embora a população de Colossos fosse formada em sua maioria por frígios e gregos, 2000 famílias judaicas haviam sido instaladas na cidade por Antíoco III, mais de 200 anos antes desta época.
Fonte: Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – Ed. CPAD, p. 442.

A mistura de etnias, crenças e culturas parece ter contribuído na sedução de alguns crentes que, estavam crendo em algumas fantasias.

Objetivo da carta: Em lugar de refutar o falso ensinamento, ponto a ponto, Paulo mostra que todas as coisas se cumprem na pessoa de Cristo. Ele enfatiza que toda a sabedoria e o entendimento espiritual podem ser encontrados no Homem-Deus, que os remiu e agora tem autoridade sobre todas as coisas (Cl. 1.9; 2.19). Ele passa, então a explicar a relação que existe entre “mortificar” as obras da carne para tornar-se vivo pelo Espírito (Cl. 2.20 – 3.17). Finalmente, ele apresenta instruções práticas para o comportamento cristão (Cl.3.18 ; 4.6).
Fonte: Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico –Grego, Ed. CPAD, p. 1246.

Prática pastoral >>> O objetivo desse pastoreio é alertar sobre práticas religiosas que ofendem a Deus, desqualifica a Cristo e nos leva a erros que podem custar a salvação da nossa alma. Vamos abordar alguns pontos como; Gnosticismo, Legalismo, Misticismo e Ascetismo, trazendo-os da época do apóstolo para as nossas vidas hoje, afim de verificarmos se não estamos incorrendo nos mesmos erros cometidos pelos crentes de Colossos.

Sugiro aos apascentadores do rebanho de Deus que explorem bem o assunto, combatendo as heresias, e ouçam seus liderados sobre o que entendem por heresia, e qual fonte – a bíblia – desmascara tal sutileza de Satanás.

Nós não podemos nos isentar das nossas responsabilidades como ensinadores e apascentadores da Igreja de Cristo, cabe a nós (Tito 1.7-10) como vocacionados por Deus nos esmerarmos no estudo da palavra para ensinarmos corretamente o povo de Deus segundo a sua palavra.

Heresias

O termo heresia significa:

Termo grego “hairesis” que denota “escolha”, seja a uma determinada religião ou escola filosófica que uma pessoa decida seguir. Fonte: O Novo Dicionário da Bíblia – J.D. Douglas – Ed. Vida Nova, p.709.

Termo do latim “haeresis”, do grego “airesis”; 1. Doutrina contrária à ortodoxia de uma fé religiosa, condenada pela Igreja dessa fé. 2. Disparate, absurdo. 3. Fig. Ato ou palavra ímpia, sacrilégio. 4. Fig. Doutrina oposta às ideias recebidas. Fonte: Enciclopédia Barsa Universal – Ed. Barsa Planeta – p. 2980.

1. Rel. Doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja em matéria de fé. 2. Rel. Ato ou palavra ofensiva à religião. 3. Ideia ou teoria contrária a qualquer doutrina estabelecida. 4. Fig. Contrassenso, tolice. Fonte: Dicionário Aurélio – Ed. Positivo.

Apesar de ser debatido entre alguns estudiosos quanto a que hereges Paulo está refutando se, ao Judaísmo essênio, uma seita pagã obscura, um sincretismo do judaísmo, paganismo gnósticos ou contra o ascetismo místico cristão judaico, podemos afirmar que tal movimento ou ensinamento ameaçava deturpar os ensinamentos de Cristo para a Igreja.

Para Lawrence, “fica claro que a heresia colossense estava baseada no dualismo. Isto é, aqueles que perturbavam a igreja em Colossos faziam uma pressuposição comum na filosofia grega, de que tanto o universo material como o imaterial eram co-eternos. Isto é, a matéria existia desde o princípio, e Deus – ou uma divindade inferior – simplesmente moldou a matéria já existente para “criar” o nosso mundo”. Fonte: Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – Ed. CPAD, p. 442.

Ainda que não esteja claro os nomes das seitas heréticas, entretanto está claro a suas heresias as quais Paulo refuta. Os falsos ensinamentos estipulavam regras quanto a alimentação e festas religiosas (Cl.2.16-17), além de disseminarem a importância da circuncisão (Cl.3.11), tais ensinamentos podem ter vindo do judaísmo. A privação do corpo, para mostrar que você tem controle sobre ele (Cl. 2.21-23), tal orientação assemelha-se aos costumes ascéticos de grupos religiosos isolacionistas, como judeus essênios, que produziram os Pergaminhos do mar Morto e os de monges cristãos, em séculos posteriores. A adoração equivocada a anjos que fornecem visões, conhecimentos sobre Deus e mais acesso a Ele (Cl.2.18). Fonte: Manual Bíblico: Entendendo a Bíblia – Ed. CPAD – p. 464,465.

Gnosticismo – Colossenses 2

Muitos autores consideram que Paulo refuta em Colossos os ensinamentos dos gnósticos. Os gnósticos eram seguidores de uma variedade de movimentos religiosos, que ressaltavam a salvação por meio da gnósis, ou “conhecimento”, isto é, das origens da pessoa. O dualismo cosmológico era aspecto essencial do gnosticismo – contraste entre o mundo espiritual e o mundo material e mau. O gnosticismo foi atacado nos escritos dos Padres da Igreja, que consideravam os diversos grupos gnósticos desvios heréticos do cristianismo. Os estudiosos modernos acreditam que o gnosticismo era um fenômeno religioso, em alguns casos, independente do cristianismo.

Gnosticismo – Segundo o Dicionário Aurélio: 1. Ecletismo filosófico-religioso surgido nos primeiros séculos da nossa era e diversificado em numerosas seitas, e que visava a conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais profundo por meio da gnose. São dogmas do gnosticismo: a emanação, a queda, a redenção e a mediação, exercida por inúmeras potências celestes, entre a divindade e os homens. Relaciona-se o gnosticismo com a cabala, o neoplatonismo e as religiões.

Gnosticismo: “A palavra ‘gnosticismo’ vem do grego gignoskein, ‘saber’, referindo-se a um movimento dedicado à obtenção de um conhecimento genuíno maior, por meio do qual, segundo seus adeptos criam, poderia ser obtida a salvação. Os gnosticismos, tal como as religiões misteriosas dos gregos, reivindicam possuir uma sabedoria esotérica, que se tornaria propriedade dos iniciados, em contraste com os de fora, que não seriam assim privilegiados. […] Conhecimento místico, ritos e práticas mágicas eram promovidos pelo sistema gnóstico.”
Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – vol. 2 – R.N. Champlin, J.M. Bentes – Ed. Candeia – p. 918.

Alguns estudiosos afirmam que textos gnósticos surgem posteriores ao século II d.C., e por isso, os que afirmam existir um gnosticismo pré-cristão na interpretação dos textos neotestamentários o fazem por suposição. Entretanto outros estudiosos comentam que na carta aos Colossenses 1.18 o apóstolo ressalta a “preeminência de Cristo”, ou seja, superioridade, primazia, refutando a crença em uma série de éons conceito desenvolvido pelo gnosticismo valentiniano (Bultmann, 149-152; Lightfoot, 225-271). Fonte: Dicionário de Paulo e suas cartas – Gerald F. Hawthorne – Ralph P. Martin – Daniel G. Reid (0rg.) – Ed. Vida Nova, Ed. Paulus, Ed. Loyola

Colossenses 2-8.10
08 Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo. 09 Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, 10 e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

A ensinamentos gnósticos afirmavam que O Cristo não havia encarnado, sendo assim não havia sofrido, acreditavam que a morte era a fuga do aprisionamento do corpo, não crendo na ressurreição do corpo como ensina a palavra de Deus (1 Ts. 4.14-17).

Para os gnósticos a salvação seria alcançada apenas pelo fato de terem tomado conhecimento, do saber, não dependia de fé nem de obras, assim viviam de modo devasso não atentando para o ser em Cristo uma nova criatura.

“Os gnósticos separavam a matéria do pensamento. Eles concluíram que a matéria era maligna, e formularam a ideia de que a posse do conhecimento era o único requisito para a salvação. É por isto que eles não desejavam atribuir humanidade a Jesus Cristo, porque, para eles, as coisas materiais são malignas.”
Fonte: Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico –Grego, Ed. CPAD, p. 1248.

O gnosticismo combinava o misticismo oriental, a filosofia , a mitologia, a astrologia e o neoplatonismo grego, elementos do judaísmo, além do que, inseria, nessa mistura já confusa, elementos da fé cristã. Cristo, para eles, era apenas um dos “aeons” (emanações angelicais de Deus); mas esses “aeons” já existiam como ideias gnósticas antes de “Cristo” ser considerado como um deles. Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – vol. 1 – R.N. Champlin, J.M. Bentes – Ed. Candeia – p. 787.

éons:

“Na mitologia gnóstica, os aeons são conhecidos por serem entidades divinas, normalmente em pares (masculino e feminino, denominados por sizígias) e que existem no Pleroma, um “espaço de luz”.

O conceito dos Aeons foi desenvolvido por Valentim, um dos principais teólogos gnósticos durante o cristianismo primitivo.

Existem diferentes sistemas gnósticos e hierarquizações dos Aeons, mas todos apresentam características bastante marcantes a respeito das definições platônicas, cristãs e mitológicas.

Um dos grandes defensores e seguidores dos conceitos de Aeon foi o ocultista britânico Aleister Crowley, fundador da doutrina filosófica da Thelema.

De acordo com esta doutrina, os Aeons seriam as diferentes eras que a humanidade passaria em períodos específicos. Cada Era, ou melhor, cada Aeon seria representado por uma divindade”.
Fonte: https://www.significados.com.br/aeon/

Prática pastoral >>> Percebamos irmãos e irmãs como as velhas heresias retornam geralmente com nova roupagem, hoje temos no meio evangélico a fomentação de uma fé extra Cristo, que vai desde fazer parte da igreja de determinado homem “poderoso”, ou do enaltecimento exagerado de denominações colocando-os em pé de igualdade a Cristo. A igreja romana colocou a tradição em pé de igualdade a palavra e a figura do líder central como sendo sua autoridade infalível. Parece que Cristo é apenas mais uma dentre as autoridades e possibilidades de salvação, o que contraria a palavra de Deus (João 14.6, At. 4.12).

Algumas igrejas deixaram de ser cristocêntricas, o humanismo tem tomado conta das liturgias, muitos projetos e cultos tem como objetivo satisfazer as necessidades das pessoas, dos grupos, para alguns Cristo é mais um dentre tantos “amuletos”, as pregações, são de autoajuda para alcançarem as suas vontades e não inquietam as pessoas a mudarem de vida, a terem uma vida espelhada no exemplo de Jesus.

Já paramos para pensar que existem muitos cristãos nominais, ou seja, são rotulados como cristãos, mas não vivem segundo a doutrina de Cristo. Alguns cristãos estão embriagados por vãs filosofias e vivem segundo elas abraçando ideologias estranhas ao evangelho, defendendo o que a palavra de Deus repudia.

Vivemos uma crise moral e doutrinária, quantos cristãos perderam o temor a Deus, parece que pelo fato de não darmos a devida importância a Jesus Cristo, o equiparamos com os demais “deuses”, não respeitando o Senhor.

Quantos cristãos possuem o conhecimento, o saber, mas não vivem de modo prático o que a palavra orienta (Lucas 6.46). Alguns estão envolvidos com místicas que nada tem a ver com a espiritualidade bíblica, abraçando crendices populares e sectaristas que confundem o que de fato é ser um homem ou mulher espiritual.

Legalismo – Colossenses

É comum encontrarmos nas cartas do apóstolo Paulo refutações contra os ensinos judaizantes. Algumas igrejas sofreram com as infiltrações desses falsos mestres como por exemplo, a igreja dos Gálatas aonde alguns havendo sido seduzidos deixaram o evangelho de Cristo e foram exortados pelo apóstolo (Gl.1.6). Parece que os colossenses estavam expostos aos mesmos perigos, ou seja, a diluição do evangelho de Cristo com os ensinos legalistas judaico.

Legalismo – Segundo o Dicionário Aurélio: 1. Caráter de doutrina que, em qualquer circunstância, prescreve a estrita obediência à lei e o respeito às instituições.

Legalismo: “Esta expressão, como usada pelos teólogos cristãos, não tem nada contra a dignidade da lei. Muito pelo contrário, fala de abusos dos propósitos da lei. Significa a crença de que a lei (ou diversas provisões da mesma) deve ser observada para se obter a salvação. Secundariamente, o termo significa que a vida cristã deve ser governada pela observação da lei. É claro que muitos judeus convertidos ao cristianismo, que aceitaram o ensino de que Jesus era o Messias, ainda continuaram observando a lei pelas duas razões sugeridas, sendo que o judaísmo nunca promoveu um conceito de justificação pela fé. Legalismo, então, é o uso da lei como uma base da soteriologia (doutrina da salvação) e como o guia da vida espiritual, no lugar da justificação pela fé e a lei do Espírito como o guia da espiritualidade (Rm. 8.2)”. Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – vol. 3 – R.N. Champlin, J.M. Bentes – Ed. Candeia – p. 753.

Colossenses 2.11-17
11 Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. 12 Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. 13 Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, 14 e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, 15 e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz. 16 Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. 17 Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

Alguns estudiosos interpretam que os versículos acima não seria um combate aos ensinamentos judaizantes, entretanto quando no v. 11 ao citar a circuncisão sendo um rito judaico e por haverem judeus naquela região, Paulo deixou claro que a circuncisão não era o fator importante em Cristo, mas sim a fé no Filho de Deus, abrindo assim um caminho para outros estudiosos interpretarem como havendo a incursão de ensinos judaizantes na igreja em Colossos.

O apóstolo por sua vez ensinava a igreja a permanecerem e guardarem o evangelho de Cristo, pois os que voltavam para a lei caiam da graça (Gl.5.4). No caso da circuncisão física, ela havia sido substituída pela espiritual, fé em Jesus Cristo (Cl. 2.11, Fp. 3.2,3).

De modo geral podemos afirmar que o gnosticismo de Colossos usava das ideias comuns às religiões misteriosas orientais, do judaísmo e neoplatonismo culminando em um sincretismo religioso.
Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – vol. 1 – R.N. Champlin, J.M. Bentes – Ed. Candeia – p. 792.

É importante considerarmos que Colossos era um centro cultural onde o sincretismo religioso era perfeitamente possível de acontecer, a refutação feita pelo apóstolo Paulo ao falso ensino que era composto parcialmente por elementos judaicos e parcialmente por ideias da filosofia religiosa e do misticismo helenista. Na cidade em que existiam parte da população sendo judaica-oriental e outra parte grega-frígia, era terreno fértil para a mistura de credos e práticas religiosas. Fonte Colossenses e Filemom – introdução e comentário – Ralph P. Martin – Ed. Vida Nova – p.16,17.

Realizar a circuncisão ou participar das festas e ritos não produziria santificação ou vida com Deus, agora os que estavam em Cristo deveriam depositar somente Nele a sua fé (At. 15.5-11), pois tanto os da circuncisão, judeus, como os da incircuncisão, gentios, pela fé em Cristo seriam salvos.

Não foi obedecendo as regras, orando a anjos, ou descobrindo segredos espirituais em visões que nos tornamos povo de Deus, mas foi crendo e confiando em Jesus Cristo.

Na bíblia judaica o versículo 14 de Colossenses 2 está traduzido assim: “Ele removeu a lista de acusações existente contra nós. Por causa das regras, ela era um testemunho desfavorável; contudo, ele a removeu ao pregá-la à estaca de execução”. Fonte: Bíblia Judaica Completa – traduzida por David H. Stern – Ed. Vida, p.1457.

Pelos pré-requisitos da lei nenhum de nós seriamos salvos, nenhum objeto ou pessoa antes da vinda de Jesus foi capaz de justificar, de ajudar os seres humanos a alcançarem a salvação.

Prática pastoral >>> É muito comum encontrarmos na igreja evangélica brasileira desde os ensinos judaizantes, uso de objetos e a prática de ritos que promovem a diluição do evangelho de Cristo.

Alguns pastores se ornamentam com mantos, chapéus e outros apetrechos “sacerdotais” que simbolizavam no Antigo Testamento uma forma de se prepararem para entrarem em oração diante de Deus, mas para nós Igreja de Cristo são apenas sombras não tendo utilidade prática.

Algumas denominações inseriram em seus cultos réplicas da arca da aliança, tocam o shofar, réplica do altar do sacrifício entre outras, para nada serve, pois, a Igreja de Deus tem a presença do Senhor em sua própria vida (1 Co.3.16), nós não podemos atrelar a salvação ou qualquer acesso a Deus que não seja pela fé no seu Filho nosso Senhor Jesus Cristo.

Algumas igrejas realizam a ceia judaica, pães ázimo, cordeiro assado e erva amarga, celebram suas festas e consideram o calendário judeu. Ressalto que a minha intenção aqui não é de forma alguma fomentar descriminação religiosa contra o povo de Israel, ou desrespeitar a fé e religião da mesma, mas destacar que como gentios, crentes em Jesus Cristo tais objetos, ritos ou celebrações não nos dizem respeito prático para nossa fé (Cl. 2.13-17).

Alguns líderes de igrejas no Brasil ensinaram que através dos usos e costumes os crentes alcançariam a santidade, desde as vestes até as formas como se deve cultuar a Deus, aparentemente a ênfase ficou no estereótipo, sem falar das bases bíblicas que foram utilizadas, textos bíblicos que não dizem o que as proibições diziam. O problema está em querer impor sobre os cristãos meios de justificação, santificação e salvação sem o devido embasamento bíblico.

Como apascentadores do rebanho do Senhor é nossa obrigação ler e compreender a palavra de Deus adequadamente para não ensinarmos algo que não tenha amparo bíblico.

Misticismo e Ascetismo – Colossenses 2

O misticismo ou a mística adotada e praticada de modos inadequados levam os cristãos a se distanciarem dos princípios bíblicos, consequentemente de Deus. Nossas práticas espirituais não podem estar embasadas em visões, profecias ou revelações que conflitem com a palavra de Deus. Diferentemente do que apregoa o ascetismo, nós não purificamos o espírito através da punição do corpo (Cl. 2.20-23) , nossos sacrifícios pessoais não estão acima do sacrifício vicário de Jesus na cruz do calvário.

Misticismo – Segundo o Dicionário Aurélio: 2. Atitude religiosa ou filosófica que afirma essa união e nela crê. 5. O elemento místico de qualquer doutrina.

Ascetismo – Segundo o Dicionário Aurélio: 1. Pratica da ascese. 2. Doutrina que considera a ascese como o essencial da vida moral. 3. Moral que desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem.

Ascese – Segundo o Dicionário Aurélio: 1. Exercício prático que leva à efetiva realização da virtude, à plenitude da vida moral.

Ascetismo: “Vem do verbo grego askesis, “exercício”, “prática”, “treinamento”. Algumas vezes era usado com o sentido de exercícios de autonegação, de uma ou de outra forma. Os filósofos gregos aplicavam o termo à disciplina moral. Geralmente a palavra era usada para aludir os exercícios e disciplina dos atletas, sendo natural que a ideia fosse metaforicamente aplicada aos atletas espirituais. Nas religiões não cristãs como por exemplo no hinduísmo o terceiro e quarto estágios da vida eram a renúncia, o abandono da família e a vida de mendicância, como meio de purificação. Buda procurou um meio termo, evitando a posição radical do ascetismo, embora o ascetismo tivesse sido uma força poderosa para muitos dos seus seguidores. Na ioga, que tem suas raízes no budismo, as técnicas para disciplina do corpo são bastante rigorosas”. Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – vol. 1 – R.N. Champlin, J.M. Bentes – Ed. Candeia – p. 338.

Misticismo: “O termo básico grego é mústes, “iniciado nos mistérios”. O misticismo infunde na religião o senso de sagrado, conferindo vida aos dogmas mortos, outorgando luz mesmo quando não havendo definições verbais. O misticismo pode ser entendido como uma abordagem espiritual e não discursiva (sem que se fale) da união da alma com Deus, ou com qualquer coisa que seja considerado como a realidade central do universo. Experiências místicas podem ser mediadas por espíritos angelicais ou demônios.

O trecho de Col. 2.8-10, 18, mostra-nos que o misticismo autêntico promove a glória de Cristo que é o arquétipo (modelo original) da salvação humana. O misticismo judaico mais antigo baseava-se muito no neoplatonismo (corrente doutrinária fundada por Amônio Sacas no séc. II em Alexandria). O misticismo em sua definição mais básica, consiste do contato com algum ser ou poder mais elevado que o próprio indivíduo. Tal poder pode ser feito com qualquer poder sobre-humano, como Deus, Cristo, os anjos, etc.
Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – vol. 4 – R.N. Champlin, J.M. Bentes – Ed. Candeia – p. 313, 314, 319.

Colossenses 2.18-23
18 Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa. 19 Trata-se de alguém que não está unido à Cabeça, a partir da qual todo o corpo, sustentado e unido por seus ligamentos e juntas, efetua o crescimento dado por Deus. 20 Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras: 21 “Não manuseie! “ “Não prove! “ “Não toque! “? 22 Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos.
23 Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.
(Bíblia utilizada Nova Versão Internacional – NVI)

O quanto da espiritualidade está amparada na mística filosófica ou religiosidade pagã, uma pessoa pode ser – mística – com seu espírito tentando buscar a Deus e ao mesmo tempo ser devasso cujo corpo entrega-se aos pecados mais torpes. Segundo abordagem do ascetismo, o bom espírito humano está preso dentro de um corpo físico mau, uma forma de fortalecer o espiritual é negar e punir o corpo com uma “disciplina”, não comendo, não dormindo, não tocando ou privando o corpo de algo, mesmo que esse algo seja necessário para a saúde do corpo físico. Fonte: Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – Ed. CPAD, p. 448.

O apóstolo Paulo chama a atenção para a inutilidade de tais regras com o objetivo de produzir a santificação (v. 23), os impulsos carnais não são impedidos através da punição do corpo a não ser pela fé em Cristo e a ajuda do Espírito Santo.

Ao invés dos crentes buscarem um relacionamento pessoal com Cristo, eram incentivados pelos falsos ensinadores a se submeterem a certas proibições e regras incorrendo no mesmo erro dos que queriam ser salvos pela lei. A salvação pela lei era impossível, pois considerando que ninguém conseguia atender os pré-requisitos de justiça da lei, sem Cristo estavam todos condenados.

O cumprimento de tais regras, serviriam como um acesso para se ganhar favores de seres angelicais supostamente colocados entre Cristo e Deus, que exigiam a autonegação como um sinal de “devoção voluntária”. Fonte: Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – Ed. CPAD, p. 448.

Prática pastoral >>> Podemos observar misticismos no seio da igreja evangélica brasileira, desde o empoderamento conferido a certos objetos religiosos, até práticas extra bíblica que tenta usurpar a glória de Jesus Cristo. Existem falsos mestres que induzem o povo a idolatria, ao misticismo, ensinam a palavra de Deus deturpadamente, muitos o fazem de modo consciente com o intuito de ganhar dinheiro às custas da fé alheia. Usam do “sagrado” para saciar sua ganância.

Chamo a atenção para o nosso meio pentecostal, e eu sou pentecostal, aonde podemos observar algumas crenças e práticas “espirituais” que se amparam em trechos bíblicos sem o devido entendimento do contexto. Alguns cristãos por exemplo conferem mais crédito a movimentos e expressões corporais, como uma atuação “espiritual” do que a própria bíblia. Se investigarmos a luz da palavra algumas “espiritualidades”, constataremos certa medida de confusão sobre o que é a espiritualidade bíblica e a “espiritualidade” extra bíblica.

Já ouvi o seguinte absurdo “a bíblia sem a unção é apenas um livro”, o que talvez muitos não entenderam é que a fonte que valida e outorga uma espiritualidade genuinamente de Deus é a sua palavra. Penso que a nossa espiritualidade nasce e se aperfeiçoa com a leitura e conhecimento da palavra de Deus.

Talvez o apóstolo Paulo diria algo semelhante ao que disse aos Colossenses sobre algumas de nossas manias, hábitos, tradições, usos e costumes, formas e entendimentos sobre o que de fato agrada a Deus (v.20).

Até o próximo pastoreio aonde abordaremos aS cartaS AOS 1 E 2 TESSALONICENSES COM O TEMA “A VOLTA DE CRISTO”.

 

 

Até o próximo pastoreio aonde abordaremos as cartas aos 1 e 2 Tessalonicenses com o tema “A VOLTA DE CRISTO”.

 

 

2017 Vivendo a Prática Pastoral
sendo uma igreja bíblica e relevante

Serviçal da Igreja
Ronildo Queiroz