Pastoreio #51

UNIDOS NA FÉ

O que nos une e nos atrai, o que nos é comum, a fé em Cristo, é por comungarmos da mesma fé que convivemos tendo a bíblia como nosso manual de conduta, bem como adoramos a Deus e nos submetemos uns aos outros. É pela fé na palavra de Deus que passamos a adotar um novo estilo de vida, passamos a crer em um só Deus. A causa da salvação é a graça, favor que foi dado por Deus aos homens através de seu Filho Jesus Cristo, sendo assim, confiando Nele podemos ser salvos (Mc.16.16) da condenação eterna.

A fé não é um objeto, um produto, mas uma convicção que tem seu nascedouro na palavra de Deus, em Jesus e no Espírito Santo, passamos a crer que Deus existe, passamos a confiar Nele, a nos reunirmos em nome Dele, realizarmos por amor a Ele, justamente por estarmos possuídos de confiança no Senhor.

Hebreus 11.1-2
O fato essencial da existência é que esta confiança em Deus, esta fé é o alicerce sólido que sustenta qualquer coisa que faça a vida digna de ser vivida. É pela fé que lidamos com o que não podemos ver. Foi um ato de fé que distinguiu nossos antepassados, elevando-os acima da multidão.”
(Bíblia utilizada: A Mensagem Bíblia em linguagem contemporânea, Editora Vida)

Em meio ao caos, nós cristãos não podemos deixar de crer, pois o Deus em quem nós cremos é superior a tudo e a todos, se a igreja de Cristo não demonstrar ter fé em seu Salvador, como esperamos que os que não creem creiam? A fé não pode ser um estado de ânimo oscilante, mudando de acordo com o que nos acontece, mas um estado de permanente dependência, fé e expectativa em Deus, independentemente das situações, pois a nossa confiança está no Senhor e não nos “ventos favoráveis”.

Martin Luther King Jr. disse que: “a fé é o primeiro degrau que se sobe, mesmo que não se enxergue a escada toda.”

Sobre a importância da fé, Blaise Pascal escreveu: “Na fé, há luz suficiente para os que querem crer e sombras suficientes para cegar os que não querem.”

Sobre uma fé bíblica, Agostinho de Hipona escreveu que: “Quem só acredita naquilo de que gosta nos Evangelhos e rejeita aquilo de que não gosta não crê no evangelho, mas em si próprio.”

Que esse pastoreio seja eficaz na reafirmação da nossa fé em Deus, uma fé bíblica, para que possamos seguir tendo uma vida sempre dependente de Jesus Cristo.

1º Recorte – A FÉ NATURAL

Marcos 5.25-26
25 E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia. 26 Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos e gastara tudo o que tinha, mas, em vez de melhorar, piorava.
(Bíblia utilizada: NVI)

Lucas 8.43
43 E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia e gastara tudo o que tinha com os médicos; mas ninguém pudera curá-la.
(Bíblia utilizada: NVI)

A mulher com o fluxo de sangue não agia diferentemente das demais pessoas que possuíam enfermidades, ela procurou os médicos para ser curada. O texto em Marcos diz que ao invés de melhorar ela piorava, chamaremos o comportamento dessa mulher de fé natural, quando fazemos o que é óbvio a ser feito, ou seja, os doentes vão aos médicos, quem tem fome faz ou compra comida para se alimentar, ter a fé natural refere-se a fazer algo para se alcançar determinado resultado.
Alguns exemplos: saímos para o trabalho por confiarmos que no quinto dia útil do mês seguinte teremos o nosso salário. Realizamos determinado trabalho, prestamos serviços porque esperamos receber pelo mesmos, frequentamos uma universidade acreditando que graduados teremos melhores colocações profissionais, o lavrador ara a terra, lança a semente acreditando em dados meteorológicos, ou seja, que haverá chuva, que a semente germinará, brotará, que dará bons frutos e que aplicando os pesticidas sua lavoura estará protegida.

A fé natural a meu ver, parece depender única e exclusivamente de um esforço de quem crê, baseada em históricos de resultados já alcançados por outras pessoas ou instituições, podemos dizer que é uma ação racional planejada, repetindo comportamentos para se alcançar objetivos com base nos resultados que outros já tenham alcançados. Mediante tais exemplos, as pessoas passam a crer e repetir as mesmas crenças e os mesmos comportamentos com o objetivo de se alcançar os mesmos resultados daqueles que creram e que alcançaram.

Em João 5.01-15, temos a narrativa da cura de um paralítico, ele e uma multidão confiavam que seriam curados se ao mover das águas pelo anjo (v.4) conseguissem entrar no tanque. A multidão que ali estava tinha uma perspectiva, serem curados, o objetivo era entrarem no tanque no exato momento do movimento das águas. Não encontrei registros sobre curas de fato, ou ainda, sobre algo que Deus tenha estabelecido sobre banhar-se nesse tanque para que fossem curados, penso em quantas coisas passamos a crer como outros (multidões) creem sem que se tenha um fundamento bíblico ou ainda uma orientação clara de Deus (que não conflite com a sua própria palavra).

(v.4) “[esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse].”
Fonte: Bíblia Shedd – Almeida Revista e Atualizada – Ed. Vida Nova.

João 5.1-7
01 Algum tempo depois, Jesus subiu a Jerusalém para uma festa dos judeus. 02 Há em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, um tanque que, em aramaico, é chamado Betesda, tendo cinco entradas em volta.
03 Ali costumava ficar grande número de pessoas doentes e inválidas: cegos, mancos e paralíticos. Eles esperavam um movimento nas águas. 04 De vez em quando descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitada as águas, era curado de qualquer doença que tivesse. 05 Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. 06 Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: “Você quer ser curado? “
07 Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”.
(Bíblia utilizada: NVI)

Ponto de Contato >>>

A fé natural pode gerar prejuízos a igreja de Cristo?

Argumentação >

Ter disposição para trabalhar, estudar e realizar seja o que for (para o bem) não é ruim, a fé natural nos leva a viver dia a dia, nos faz sonhar, planejar e aplicar nossos esforços para alcançarmos o que desejamos, entretanto a comparação e análise que quero fazer entre a fé natural e a fé bíblica é ressaltar algumas diferenças que são extremamente importantes para que tenhamos uma fé sadia em Cristo.

Penso que tem sido por uma fé natural que multidões tem sido atraídas para palestras com propostas de autoajuda, com promessas para terem um maior e melhor rendimento, geralmente com o objetivo de fazê-las alcançarem os seus objetivos. O movimento que mais se percebe atualmente é chamado de coaching, que visa o desenvolvimento humano, trabalhando os padrões emocionais e comportamentais das pessoas, de modo geral as motivam e ensinam a usarem seus recursos pessoais, técnicas e meios para obterem êxito em suas vidas. O coaching parte do princípio que as soluções estão nas pessoas, bastando ensiná-las, treiná-las e despertá-las para que possa alcançar um alto ou melhor rendimento.

Quando passamos a nos reunir como igreja, na mesma comunidade de fé, quais foram os hábitos, formas e comportamentos que passamos a repetir por outros já repetirem? A vivência em sociedade ou grupal nos influência como membros a compartilhar dessas vivências, experiências, pelo simples fato de acreditarmos ser de tal forma que devemos agir para poder ser aceito pelo grupo e também para alcançarmos o que outros já alcançaram.
Será que não temos tido uma fé natural, ou seja, não considerando a palavra, os propósitos e ações de Deus? Em que temos crido e como temos vivenciado a nossa fé?

Para nos aprofundarmos mais sobre como as vezes as pessoas podem estar usando uma fé natural para se relacionar com Deus, usaremos o texto de João 5.04.

Vários comentaristas afirmam que o versículo 4 de João capítulo 5, não consta nos melhores manuscritos do original como segue:

“Falta este versículo (4) nos melhores manuscritos do original, mas Tertuliano (145-220 d.C.) faz referência a essa tradição.
Fonte: Bíblia Shedd – Almeida Revista e Atualizada – Ed. Vida Nova, p.1491.

Os versículos “ 3 parte b e 4 são corretamente omitidos no texto em algumas versões. Eles, sem dúvida, são acréscimos posteriores à história e não têm forte apoio nos manuscritos. Eles provavelmente, preservam uma tradição que se explicava o movimento da água.” No versículo 7 a intervenção angelical é comentada por Westcott “As propriedades de cura do tanque podem ter sido devidas aos elementos minerais.”
Fonte: Comentário Bíblico NVI – Antigo e Novo Testamentos – F.F.Bruce, Editora Vida, p.1183.

“Alguns entendem que a passagem não sugere que a cura fosse assegurada ao primeiro que entrasse no tanque depois que as águas fossem agitadas – pensam que João estaria simplesmente citando o paralítico, que sem dúvida refletia a superstição popular.”
Fonte : Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, Lawrence O. Richards, Ed. CPAD, p. 210.

Não consta no Novo Testamento em grego o versículo 4, o que pode fortalecer a ideia de ser um acréscimo de uma tradição, uma superstição tida pelo povo que as águas eram agitadas por um anjo e que este ato promoveria curas.
Fonte: Novo Testamento Interlinear, Grego-Português, Sociedade Bíblica do Brasil, p.358.

Embora algumas traduções não considerem o final do versículo 3 e todo o versículo 4 como parte do original, “J. Rendel Harris encontrou, em diversos lugares do Oriente, evidências de uma superstição no sentido de que, no ano novo, esperava-se um anjo que agitava as águas de certas localidades, capacitando uma pessoa a obter a cura se fosse a primeira a entrar na água depois desse movimento.”
Fonte: Comentário Bíblico Moody, vol. 2, Mateus à Apocalipse, Everett F. Harrison, Editora Batista Regular, p.224,225.

“Os versículos 3b e 4 não são encontrados em muitos dos mais antigos e fiéis manuscritos do Novo Testamento. […] quando Jesus faz seus sinais eles significam muito mais que as típicas expectativas religiosas que os judeus tinham dos dias santos; tornam-se algo novo. Uma explicação cientifica diz que este era um tanque formado pela umidade do tempo e que, quando a água do solo subia suficientemente, recebia água de um canal subterrâneo. Com o tempo, as pessoas presumivelmente relacionaram propriedades curativas às suas águas sazonais” (próprio de uma estação/estação das chuvas ).
Fonte: Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento, editado por French L. Arrington e Roger Stronstad, Ed. CPAD, p.518.

A intenção em mencionar as citações acima sobre João 5.4, tem como objetivo, refletir com cuidado sobre em que temos crido e como temos crido, a nossa fé é bíblica ou agimos com o que eu chamo de fé natural. Fazemos porque outros fazem? Usamos porque outros usam? Cremos e nos comportamos de determinada forma porque é tradição ou por ser ensinamento de Jesus?

A desconstrução ou quebra de alguns paradigmas, talvez estejam causando mal estar em nós, talvez alguns cristãos estejam agarrados a utensílios, lugares e formas, ou seja, tradições que talvez estejam sendo colocadas em pé de igualdade ou até mesmo acima dos princípios bíblicos.

Penso que quando fazemos por fé natural, ou seja, fazer porque outros fazem ou porque sempre fizemos, sem refletir biblicamente o porque fazemos, objetivando um resultado específico, podemos incorrer em alguns erros por justamente estarmos focados em nossas próprias ideias, capacidades, méritos e dogmas.

Assim como no meio secular as pessoas desenvolvem seus métodos, motivam os esforços e acenam com recompensas, nós cristãos precisamos ter cuidado para que não centremos o fazer e o colher tendo como base nossas capacidades, ou ainda, adotar objetos e métodos como amuletos que mais se assemelham a crendices, a uma fé natural ao invés de nos preocuparmos em termos uma fé bíblica.

Em resumo, talvez estejamos replicando os mesmos comportamentos religiosos que tínhamos antes de ter Cristo em nossas vidas, pode ser que estamos imitando as igrejas e pastores televisivos, buscando obtermos os mesmos resultados que eles, sem antes conferirmos na palavra ou perguntarmos para Deus qual é a sua vontade. O grande erro a meu ver é que algumas denominações passam a copiar e ensinar a seus membros crendices em coisas, templos e formas, mas sem uma base bíblica para tais práticas.

2º Recorte – A FÉ BÍBLICA

Agora que já abordamos o que chamei de “fé natural”, vamos refletir sobre a fé bíblica, chamo de fé bíblica as motivações e comportamentos amparados na palavra do Senhor, na crença da existência de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo e em seus feitos.

No Novo Testamento o termo fé em grego significa “pisteuein e pistis”, o verbo pisteuein no grego clássico significa confiar, mostrar confiança, aceitar como verdadeiro.
Fonte: Dicionário Bíblico – John L. McKenzie, Editora Paulus, p.342.

Não basta somente dizer que temos fé, é importante termos a consciência e firmeza sobre em quem cremos e como demonstramos a nossa fé, o que é crença com princípio bíblico e o que é crendice do ser humano, pois alguns estão escravizados por crenças dogmáticas, ou seja, por pressupostas “verdades” inquestionáveis ou invioláveis.

Champlin e Bentes comentam sobre a fé explícita e a fé implícita:

Fé Explícita > * “Durante a Idade Média, era requerido um padrão de clero mais alto, que exigia a aceitação inteligente (intelectual) das doutrinas aceitas pela Igreja. Isso incluía a concordância com o delineamento dos detalhes dessas doutrinas.”

Fé Implícita > * “De acordo com a teologia católica romana, pressupõem-se a existência de fé em qualquer indivíduo que satisfaça duas condições básicas de crenças: 1. que Deus existe; 2. que Ele é galardoador dos que o buscam. […] doutrina alicerçada em Hebreus 11.06 “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.”
* Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, vol. 2, D-G, R.N.Champlin, J.M. Bentes, Editora e Distribuidora Candeia, p. 700,701.

Ainda ressaltando sobre em que se ampara a nossa fé, Champlin e Bentes comparam em que se ampara a fé no contexto Católico e Protestante:

“Na Teologia Católica Romana a fé é ali definida pela Igreja, por meio da autoridade nela investida. Portanto, haveria somente uma fé, a qual não seria deixada ao sabor de qualquer indivíduo ou grupo, para ser interpretada ou reinterpretada. A interpretação da fé processar-se-ia através das Escrituras, dos concílios, das tradições e dos decretos papais, os instrumentos divinamente determinados para salvaguardar a interpretação da verdade que nos foi dada em Cristo.”

“Na Teologia Protestante clássica, se deposita uma grande dose de confiança na Bíblia, que é a Palavra de Deus, e também no poder que o Espírito tem para interpretá-la corretamente. Cada indivíduo torna-se a sua própria autoridade, embora a opinião da comunidade evangélica seja útil para ajudar cada indivíduo a interpretar corretamente a Bíblia. Por outra parte, as decisões dos concílios, as tradições, etc., são apenas sugestões interpretativas, para serem respeitadas, mas não para serem seguidas rigidamente. Os grupos protestantes proclamam em alto e bom som, que somente as Escrituras são a fonte da fé e das crenças; mas na pratica real, o que realmente vale é o que o meu grupo particular interpreta sobre as Escrituras.”
Fonte: Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, vol. 2, D-G, R.N.Champlin, J.M. Bentes, Editora e Distribuidora Candeia, p. 698.

Penso que uma pessoa que confesse a Cristo como o seu Único e suficiente Salvador (Rm.10.9-10), que ouça, entenda adequadamente a palavra de Deus e a obedeça, conseguirá consequentemente vivenciar uma fé bíblica.

Martinho Lutero escreveu que: “Tudo depende da fé. Quem não tem fé é semelhante a alguém que precisa atravessar o mar, mas está tão assustado que não confia no navio. Por isso, essa pessoa permanece onde está e jamais é salva, pois se recusa a embarcar e fazer a travessia.”

A fé bíblica, em Cristo, diferencia quem é espiritual e quem não é, o apóstolo Paulo estava convicto sobre a superioridade da palavra da cruz, tanto é que abriu mão da sabedoria do mundo (1 Co. 2.01-05). Aqueles que não tem o Espírito não podem vivenciar uma fé bíblica, pois não compreendem as verdades espirituais, mas somente os que creem em Cristo, os que tem o Espírito e conhecem a palavra de Deus são capazes de viverem a fé bíblica.

I Coríntios 2.11-16
11 Pois, quem dentre os homens conhece as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus. 12 Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. 13 Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. 14 Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. 15 Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois 16 “quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo? “ Nós, porém, temos a mente de Cristo.
(Bíblia utilizada: NVI)

F.F. Bruce comenta que: “Ao mostrar total insuficiência da sabedoria do mundo e a completa suficiência da sabedoria de Deus na realização da salvação do ser humano, Paulo golpeia de maneira cadenciada e constante a causa da dissensão em Corinto. A sabedoria do mundo vai destruir a igreja. A igreja, porém, não tem falta de sabedoria. Para nós que somos chamados, Cristo, a sabedoria de Deus (1 Co.1.24), se torna a nossa sabedoria (1 Co.1.30) e é compreendida de forma cada vez mais ampla à medida que crescemos em maturidade.”
Fonte: Comentário Bíblico NVI – Antigo e Novo Testamentos – F.F.Bruce, Editora Vida, p.1287.

Ponto de Contato >>>

Quais os benefícios de uma fé bíblica?

Argumentação >

Estamos vivendo tempos em que algumas denominações travam verdadeiras guerras para atraírem fiéis, presenciamos todo tipo de invencionices, vendem desde vassouras ungidas a mezuzás, buscam convencer as pessoas que ao adquirirem esse ou aquele objeto, levando-os para suas casas, prosperarão.

A mercantilização os produtos religiosos, a transferência da fé descrita em Hb. 11.01 “[…] a prova das coisas que não vemos”, para o concreto, ou seja, para objetos e/ou utensílios que ganham a fama de serem “sagrados” e “poderosos”, tem levado alguns cristãos evangélicos a serem idólatras.

A ideia de poder contar com um ser Divino que resolve todos os problemas e anseios segundo o bel-prazer de cada indivíduo, é uma proposta no mínimo tentadora.

A questão que precisamos considerar é, o que é ter uma fé bíblica, ou seja, uma fé que não se estriba exclusivamente em triunfalismo constante, uma fé em que há espaço para lidar ou vivenciar derrotas, sempre aceitando a vontade de Deus. Penso que a fé bíblica deve ter espaço para frustrações/provações, pois estas dificuldades podem ser permitidas por Deus (Jó 1), com o intuito de nos moldar, nos aproximar do Criador e de fortalecer a nossa fé.

Para alguns, a fé bíblica que aceita, suporta as dores, os sofrimentos, que confia em Jesus e espera pela volta Dele é inconcebível, é loucura.

1 Coríntios 1.18 “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.”

Se cremos assim, se a nossa fé é bíblica, em Cristo, porque precisamos de objetos, de criar ou inventar meios e programas para manter e fidelizar os frequentadores do templo?

Podemos desenvolver atividades, eventos, podemos nos alegrar, não vejo erro nisso, desde que nossa vida cristã não se resuma a programas de igreja que visam manter o fiel na denominação, ao invés de prepara-los para encontrarem com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Penso que na fé bíblica nossa motivação, resiliência e perseverança são norteadas pelas Escrituras, a nossa confiança está somente em Deus, ou seja, somos dependentes Dele (Jo. 15.05). Nossas demonstrações de fé não podem ferir a palavra do Senhor, adotando ou voltando as velhas práticas religiosas como alguns Gálatas fizeram, deixando o evangelho de Cristo para estarem debaixo do judaísmo.

Acredito que o maior benefício de ancorarmos a nossa fé nas Escrituras é o de agradar ao Senhor, de fazermos o que é eficaz, ou seja, segundo a palavra Dele, em Cristo, não sendo enganados com argumentos aparentemente convincentes (Col.2.04).

Para se pensar…

Penso ser importante refletirmos mais sobre o que fazemos e porque fazemos, talvez as nossas motivações e expectativas podem estar fundamentas apenas em ideias humanas sem considerar os princípios bíblicos.

Precisamos ter o cuidado de não repetirmos tradições e comportamentos sem nos perguntarmos se contempla a vontade de Deus, pois entendo que não é saudável fazermos o que dá certo, antes devemos fazer o que é certo segundo os princípios bíblicos.

Agostinho de Hipona “A fé é o passo para o entendimento, e o entendimento é a realização da fé.”

 

2018 – O Ano da Unidade
sendo uma igreja bíblica e relevante

Pastor Ronildo Queiroz
“sou mais um” caco entre outros cacos de barro! Isaías 45.9