Pastoreio #74

O Discípulo e o Mundo

Nesse pastoreio vamos abordar um tema que a meu ver é mais sensível de ser tratado no meio evangélico, o mundo, considero que a maior dificuldade seja em entender e separar o que é atrelado ao mundo como pecado, e o que faz parte do mundo e que pode ser desfrutado sem, entretanto, ferir os princípios bíblicos.

Alguns cristãos demonizam tudo o que existe no mundo, talvez sem um cuidado maior em entender o que de fato fere a palavra de Deus e o que apenas difere os povos em suas culturas, usos e costumes.

Penso que quando falamos de mundo utilizando a bíblia, precisamos saber qual o sentido empregado em determinado texto para a palavra mundo, podemos ter a palavra terra, alma e que dentre outras palavras podem estar falando de pessoas, ou ainda, mundo se referindo a não crença no Criador, ou ainda, referindo-se a pessoas que não temem a Deus.

Parece-me que uma forma, não tão eficaz, encontrada pelos evangélicos para lidar com o mundo, ou seja, pessoas e sistemas que não se enquadrem tanto nos princípios bíblicos, bem como nas tradições e dogmas, foi o distanciamento e não comunicação com mundo.

A igreja pentecostal brasileira, segundo Passos (2005), ao longo da primeira a terceira onda do movimento pentecostal, teve comportamentos que variaram desde críticas e até a demonização dos veículos de comunicação, rádio e televisão, passando a utilizarem esses veículos somente alguns anos depois para a pregação do evangelho.

Com a internet não foi diferente, alguns líderes religiosos pregaram contra as redes sociais, gerando em alguns momentos um clima em que alguns cristãos acabavam não assumindo que tinham ou participavam de alguma rede social para evitar ser julgado e até mesmo em casos mais extremistas “disciplinado”.

A relação de alguns crentes com o mundo parece ser bem tumultuada, podendo variar entre certezas e incertezas sobre o que realmente agrada ou não a Deus, sendo assim, alguns parecem ter optado em evitar todo e qualquer contato com o que é rotulado “mundo” e que segundo a crença de alguns não agrada a Deus.

Entendo que proibir e demonizar a tudo, sem de fato compreender do que se trata, tem sido para alguns cristãos uma forma de garantir algum tipo de “proteção” contra o mundo, afinal de contas tudo aquilo que se parece ou não se encaixa com a forma denominacional enfrentará sérias resistências em sua aceitação.

Recordo-me que a algum tempo atrás, a bateria, a guitarra, a percussão dentre outros instrumentos eram tidos como impróprios ou até profanos para serem utilizados nos templos para louvor a Deus. A ideia era que esses instrumentos eram “coisas do diabo”, talvez por serem utilizados por músicos seculares para produzirem ritmos e músicas, cujas letras não louvavam a Deus.

Ao invés de se considerar que esses mesmos instrumentos, sim poderiam ser utilizados para produzirem música cristã para louvor do Senhor, algumas igrejas preferiram simplesmente demonizar esses instrumentos como “mundanos” ou “coisas do mundo”, fato esse que não impediu que muitos cristãos deixassem o evangelho de Cristo, não pelo não uso dos instrumentos, mas talvez por não terem tido uma conversão de fato a Jesus.

Parece que é muito mais fácil proibir algo do que lidar com esse algo de modo bíblico e equilibrado, talvez a falta de um conhecimento bíblico mais adequado foi um dos fatores que contribuíram para decisões e comportamentos extremistas e prejudiciais à chegada de novos convertidos a Cristo.

Compreender as mais diversas culturas dos mais diferentes povos se faz necessário para que não construamos regras proibitivas sobre questões que não ferem a palavra de Deus.

Quando falamos de cultura, segundo Gondim (1998, p.27), “Edward Taylor, antropólogo norte-americano, assim definiu a cultura: “cultura, tomada em seu amplo sentido etnográfico, é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.”

A importância em se conhecer a cultura de um país, estado, cidade, vilarejo ou povo, nos ajudaria, como discípulos de Jesus a lidar de modo mais adequado com os usos e costumes, hábitos de modo mais equilibrado, ou seja, tendo o devido cuidado com o que de fato não é permitido por Deus e de igual modo não gastando energia com o que a bíblia não condena e geralmente fica a mercê de um grupo religioso tais regras proibitivas.

De acordo com Gondim (1998, p.31), “a cultura é semelhantemente responsável, em qualquer sociedade, pelos códigos comportamentais das pessoas. Criam-se regras que vale, apenas em determinado círculo social.”

Considerando o que abordamos sobre cultura, ainda que de modo resumido, penso que cada povo tem em sua identidade a beleza que não somente diferencia um povo do outro, bem como nos pode contribuir com aumento de conhecimento e formas mais criativas entre os povos. Penso que no Brasil, temos o samba como ritmo nacional e na culinária temos como um dos pratos típicos a feijoada, que em alguns países não existiam até serem importados do Brasil, conquistando não somente os ouvidos dos estrangeiros, mas também o paladar.

Houve épocas em que comer feijoada não era bem-visto por alguns líderes religiosos e cristãos, por conter carne de porco, “o porco sendo considerado como um animal impuro”, ou ainda, qualquer música com letra cristã que utilizasse o ritmo de samba era demonizada. A frase mais comum era que o mundo estava entrando na igreja, sem mencionar quantos cristãos foram constrangidos por adotarem tais hábitos, se alimentarem de feijoada ou louvarem a Deus no ritmo de samba, rock ou qualquer outro ritmo que tivesse maior destaque no mundo não religioso.

É importante considerarmos qual a nossa missão, pregar as boas novas e não impor a nossa cultura sobre as outras pessoas, principalmente quando essas culturas não ferem em nada a palavra de Deus.

Segundo Gondim (1998, p.35), “uma das mais duras críticas direcionadas aos missionários jesuítas que evangelizaram a América Latina diz respeito à falta de diálogo intercultural. Os pregadores portugueses que aqui chegaram compreendiam-se como mensageiros não só do evangelho, mas também de uma cultura que consideravam perfeita.”

Lembro-me que quando viajei pela denominação para o Rio Grande do Sul, chegando sem avisar encontrei o pastor local trajando roupas típicas da região, quando o mesmo me viu e me cumprimentou, percebi no mesmo certo constrangimento, em um outro momento me pediu perdão por estar vestido daquela forma e que no culto ele não utilizava tais vestes, a minha resposta para ele foi que eu não via problema algum, aliás achava que ele deveria sim, manter o seu traje, pois isso o ajudaria na identificação com os seus patrícios da terra e até poderia facilitar no processo de evangelização. O pastor me disse que em outro momento haviam dito para ele que Deus não se agradava de tais vestimentas, por isso, ele não as utilizava, logo tratei de tranquilizá-lo dizendo que não havia nenhuma condenação bíblica que o impedisse de utilizar tal traje, foi notório a demonstração de alegria no rosto daquele pastor.

A exemplo desse relato, poderíamos produzir páginas e páginas descrevendo abusos quanto a proibições que em nada tem a ver com a palavra de Deus, antes, porém, tem a ver com a ideia de uma pessoa ou grupo que se achou no direito de proibir em nome de Deus usos e costumes sem nenhuma base bíblica.

Não precisamos pensar muito para identificar alguns abusos em nome de uma pretensa santidade ou vontade de Deus, imagine que no Brasil, um país tropical o traje considerado mais adequado, para não dizer traje imposto como o “correto” para os cristãos usarem, para os homens roupa social e para as mulheres saias ou vestidos, todo e qualquer ornamento, maquiagem e roupas que fugissem desse padrão pré-estabelecido pelas denominações ou por força do grupo social que compunha a igreja local era classificado como “mundano”,  ainda que fossem trajes ou ornamentos que em nada  ferissem qualquer orientação bíblica, acabava por ser rechaçada pela igreja local.

Ser mundano para alguns cristãos não é compreendido como inimigos de Deus, como aqueles que não temem ao Senhor, antes, porém, ser mundano para alguns está mais relacionado a não se encaixar em seus usos e costumes, formas e estereótipos, previamente acordados, ao invés de darem mais ênfase às questões ligadas ao caráter das pessoas sem Deus, para que pudessem então serem transformados pelo evangelho de Cristo.

Acredito que se não tivermos clareza quanto o que de fato constitui, ou ainda, o que é o mundo inimigo de Deus, corremos o risco de gastar a nossa energia sendo meros fiscalizadores de usos e costumes, sem a ajuda do Espírito Santo, pois penso que Ele está mais interessado e ocupado em converter a mente das pessoas quanto aos princípios que gerarão novas vidas através da pregação do evangelho e não de dogmas e tradições divorciados da palavra de Deus.

Talvez por conta de algumas regras criadas sem base bíblica, julgamentos e imposições meramente humanas em nome de Deus, algumas gerações deixaram a sua comunidade de fé, a igreja local, segundo Rainer (2014, p.41) “[…] a geração mais nova não necessariamente abandona a sua fé; na verdade, ela deixa sua igreja local. […] Falando abertamente, a fé dos seus pais não é razão suficiente para assumirem como sua própria.”

Após essa breve introdução, vamos discorrer sobre qual deve ser o comportamento dos discípulos com o mundo, relação essa que deve ter uma dose maciça de amor, segundo Lidório (2014, p.121), “mas sem amar continuaremos passando ao largo perante o caído ao longo do caminho, que sofre, e virando o rosto aos que ainda não ouviram de Jesus.”

Recorte – A EXEMPLO DE JESUS COMO OS DISCÍPULOS DEVERIAM SE RELACIONAR COM O MUNDO

Qual a missão da igreja de Deus, humanamente falando, segundo Lidório (2014, p.17), “o Pacto de Lausanne, oficializado em 1974 por líderes de 150 países, sintetizou a missão da igreja, expressando que o propósito de Deus é oferecer o evangelho todo, por meio de toda a igreja, a toda criatura, em todo o mundo. Deixa, assim, bem clara a missão de Deus: todo o evangelho, todo o mundo, toda a igreja, todo tempo.”

O entendimento de boa parte das lideranças cristãs é que a igreja ou os discípulos de Jesus tem como missão, pregar o evangelho para todo o mundo, entretanto para pregar para todo o mundo, penso que precisamos ter claro em nossas mentes que para realizarmos tal missão teremos que ter contato com as pessoas e suas culturas, usos e costumes.

Se tivermos os devidos cuidados, quanto a separar o que é bíblico e o que é cultura, tradição e dogma religioso, ao invés de sermos ajudantes de Deus, poderemos ser aqueles que acabam “entulhando” o poço da graça do Senhor, dificultando o acesso das pessoas ao Criador.

Acredito que os discípulos de Jesus precisam se espelhar no exemplo do Mestre, em sua relação com o mundo, com as pessoas que não foram alcançadas pela pregação do evangelho.

Marcos 2 

15 E aconteceu que, estando sentado à mesa em casa deste, também estavam sentados à mesa com Jesus e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque eram muitos, e o tinham seguido.
16 E os escribas e fariseus, vendo-o comer com os publicanos e pecadores, disseram aos seus discípulos: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?
17 E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento. (ACF)

Ao contrário dos religiosos, Jesus não temia e não evitava estar com os pecadores, visitando-os, comendo e bebendo em suas casas, o que causava a ira dos mais “puritanos”, dos religiosos que amparados em sua falsa moralidade acabavam por julgar a Jesus em suas falsas percepções sobre si mesmos na vida com Deus.

Pergunto se nós cristãos temos tido esse mesmo comportamento de Jesus, no tocante ao se relacionar com as pessoas, independentemente da religião, etnia ou cultura. Parece que as vezes nossas escolhas quanto à sociabilização, ou seja, buscar a interação com as pessoas não alcançadas por Cristo, tem sido um tanto quanto preconceituosa, a partir do momento em que não nos sentamos com essas pessoas para conversarmos, para escutá-las sem condená-las, antes anunciando a Jesus, como o único mediador entre os seres humanos e Deus, e não como um juiz pronto a dar a sentença.

Entendo que como discípulos precisamos ter a clareza que não devemos nos entregar e cometer os pecados, biblicamente falando, cometidos pelos não cristãos, mas sim, podemos, e a meu ver, devemos nos misturar com eles para sermos luz e sal dentre eles.

Por muito tempo os cristãos demonizaram muitas áreas, como por exemplo as artes e cultura de modo geral, sem, entretanto, se aproveitarem de modo estratégico para estando no meio deles, pregarem o evangelho de Cristo, seja por palavras ou por ações.

O fato de Jesus ter convivido, se relacionado, comido e bebido com os pecadores não fez dele um pecador, ao contrário, Ele foi luz em meio as trevas, foi o Médico levando cura e saúde aos doentes pelo pecado.

Particularmente penso que os cristãos precisariam estar envolvidos nas mais diversas áreas da sociedade, trabalhando, atuando e sendo discípulos de Cristo por onde passarem. Por demonizar algumas áreas ou ocupações profissionais, temos pessoas que não acreditam ou temem a Deus ocupando essas funções, fazendo tudo o que entendem que devem fazer sem a menor preocupação com os princípios contidos na palavra do Senhor.

As vezes a forma como alguns cristãos encaram a vida com Jesus, beira a uma vida triste, cercada de regras e de proibições sem nenhum amparo bíblico, o que de certa forma, acaba por fazer desses cristãos maus anunciadores das boas novas de Jesus.

Para Manning (2005, p.149), “os cristãos deveriam estar celebrando constantemente. Deveríamos estar ocupados com festas, banquetes, comemorações e celebração. Deveríamos nos entregar a verdadeiras alegrias, porque fomos libertos do medo da vida e do medo da morte. Deveríamos atrair pessoas para a igreja literalmente pelo tanto que ser cristão é divertido”. Infelizmente tornamo-nos às vezes sombrios, austeros e pomposos. Fugimos com vigor da liberdade e carrancudamente enterramo-nos mais profundamente em nossas trincheiras. Nas palavras de Teresa de Ávila, “poupa-nos, Senhor, de tolas devoções e de santos de cara amarrada.”

Ao lermos o Novo Testamento vamos nos deparar com Jesus, interagindo com as pessoas, conversando com pecadores e não somente isso entrando em suas casas, o que dizer de um Mestre entrando na casa de Zaqueu, homem mal visto pelos seus conterrâneos por cobrar impostos em nome de Roma, ou ainda, o que dizer de alguém que é tido por alguns como um profeta receber lágrimas de uma pecadora sobre os seus pés, ou então, não apedrejar uma mulher adúltera pega em flagrante ato, digna de ser morta, mas que é salva pela misericórdia e sabedoria de Jesus.

Se a Igreja de Cristo ler atentamente os atos do Senhor, encontrará neles exemplos sólidos e ousados de qual foi a relação de Jesus com o mundo, não de condenação, mas de amor, misericórdia e reparação.

A tempos atrás algumas pessoas ao se converterem ao cristianismo, acabaram por romper os laços fraternais com a sua própria parentela, entendendo que agora, eram “santos” e não deveriam mais estar com os seus desde festas a visitas em seus lares. Talvez esse entendimento tão radical provavelmente contribuiu para a não aceitação do evangelho por essa parentela, pois talvez viram seus parentes convertidos ao cristianismo como pessoas alienadas.

Percebamos que alguns cristãos não conseguem conversar sobre outro assunto que não o religioso, sobre céu e inferno, talvez essa falta de diálogo sobre as coisas cotidianas da vida, pode ter de algum modo contribuído com um sentimento e comportamento aversivo dos familiares em relação a igreja, ou a forma como Jesus foi apresentado.

Para Rainer (2014), os discípulos de Jesus precisam imitar o Mestre em sua compaixão com as pessoas, em sua dedicação em escutar, compreender, amar e servir, a igreja de Cristo tem como essencial focar em pessoas, cuidar de pessoas e acima de tudo fazer parte da vida dessas pessoas, pois somente assim a igreja conseguirá cumprir a sua missão.

O papel dos discípulos é conversar com os “samaritanos” e não os evitar, visitar os odiados e excluídos e não os excluir também, amar e perdoar a todos que se acheguem a igreja de Deus, sem preconceitos ou acepção de pessoas, pois o próprio Deus não faz acepção de pessoas, antes concedeu gratuitamente a salvação a judeus e a gentios, requerendo de todos a fé em seu Filho, o Messias e Único Salvador.

Enquanto os discípulos de Jesus insistirem em mandar a “mulher Cananéia” embora, enquanto insistirem em dispensar a multidão sem a alimentar, enquanto tentarem calar os “cegos de Jericó” e evitarem entrar nas casas dos pecadores, o evangelho de Jesus não chegará a todo o mundo.

A meu ver, a igreja de Deus precisa ser madura e espiritual o suficiente para estar no mundo, guardando-se das ações maléficas do mundo, sendo luz entre as pessoas, assim como Jesus esteve com todo o mundo e foi luz para o mundo.

Nos últimos anos tem surgido alguns movimentos dentro do segmento evangélico brasileiro, onde alguns jovens têm entrado em festas rave e evangelizado jovens não cristãos, a forma de evangelizar tem mudado, a forma de discipular tem sido modificada, entretanto, sem deixar os princípios da palavra de Deus.

Ações similares a essa indicam uma mudança comportamental em parte, ainda que pequena da Igreja brasileira, no tocante ao modo de evangelizar e de discipular pessoas, uma forma diferente do habitual ou tradicional. Essa nova forma de fazer a obra do Senhor ao que parece tem dado conta de um público que talvez não estava sendo alcançado pela igreja que, mantendo a forma tradicional de se comunicar provavelmente não os alcançava. Acredito que precisamos considerar novas estratégias, o que não implica em deixar de crer ou alterar uma vírgula sequer da palavra de Deus, pois os pecados continuam sendo pecados e a palavra de Jesus não mudou.

A meu ver, o lugar dos discípulos é no mundo, guardados dos pecados, o que é possível somente pela fé em Jesus, ajudados pelo Espírito Santo que os auxilia a seguir as orientações do evangelho de Cristo, para que no mundo sejam testemunhas de Jesus.

João 17

15 Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno.
16 Eles não são do mundo, como eu também não sou.
17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
18 Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo.
19 Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade. (NVI)

Sejamos testemunhas destemidas do Senhor, pois em tudo Deus nos ajudará, não precisamos nos isolar do mundo, antes, porém, evitarmos as práticas pecaminosas que nos fazem errar o alvo que é Cristo Jesus, nosso modelo ímpar e fiel.

Ponto de Contato >>>

Quais os verdadeiros temores na relação com o mundo?

Argumentação >

Pensando sobre os porquês das reações de alguns cristãos em tudo que se classifica “mundo”, mesmo sem a devida investigação sobre o que é ou não pecado, parece que rotular como mundano tudo aquilo que não se enquadra na tradição, usos e costumes do segmento evangélico, foi a estratégia escolhida por alguns líderes religiosos para tentar “livrar” os cristãos do mundo.

A questão em pauta é que muitas coisas que rotulam como pecado, não existe se quer um versículo bíblico que de fato classifique como pecado, ou seja, parece que assim como, os fariseus, muitos líderes e liderados se tornaram mestres em criar regras e mais regras com a utópica intenção de tornar o povo de Deus mais santo, quando na verdade essa tarefa somente Jesus a pode fazer pelo seu sacrifício na cruz, podendo ser obtido por meio da fé Nele.

Proponho aqui uma reflexão a todos nós, será que os temores exagerados e a rotulação “mundo”, usada de modo indiscriminado em tudo o que não aceitamos dentro da nossa tradição evangélica, não fala muito mais dos nossos medos, das nossas incertezas quanto a nossa real conversão a Cristo e que de alguma forma acabamos utilizando a religião como uma espécie de muleta para apoio, quando na verdade nosso único apoio e base deveria ser Jesus e a sua Palavra. 

Será que de fato evitarmos alguns encontros sociais e de parentes, estar com amigos da época de escola, ou ainda, nos manter dentro de um círculo de amizade somente com os cristãos é de fato a vontade de Cristo, será que se pode esconder o sol com a peneira, ou ainda, colocar o candeeiro debaixo da cama e não no alto da casa.

 Defendo que os cristãos precisam estar em todos os segmentos da sociedade, na área da moda, dramaturgia, cinema, telenovelas, esporte, jornalismo, marketing, profissões da área da saúde, bem como em todas as profissões que não firam os princípios bíblicos, ou seja, precisamos ocupar todos os lugres onde estão as pessoas que precisam de Jesus.

O cristão precisa se esmerar para vencer as suas próprias travas, pedindo a Deus que nos ajude sermos menos religiosos e mais filhos e filhas obedientes, de modo geral precisamos estar sim, na política, nas casas elaboradoras das leis, nos tribunais e em todo lugar onde Cristo pode e deve ser anunciado como único Senhor e Salvador da humanidade.

Aos meus iguais em Cristo, peço em nome de Jesus, reconsideremos em refletir quem somos e para que Deus nos chamou, seguindo adiante em nossa jornada, sabedores de que o Senhor está conosco, por isso quem será contra nós?!

Para se pensar…

Se de fato somos livres em Jesus Cristo, será que deveríamos temer uma convivência maior com as pessoas não cristãs, será que a ideia de Jesus não foi de fato nos enviar para estar dentre essas pessoas sendo os semeadores do reino de Deus? 

Penso ser prudente que a igreja não tenha uma posição exclusivista, quanto ao plano da salvação, se fechar em seu mundo evangélico me parece que não contribui com a pregação do evangelho e expansão do reino de Deus, antes, torna a igreja em mais uma seita ou grupo fechado que está mais interessada em suas regras e público específico. 

Não podemos e não devemos cometer os pecados condenados pela bíblia, entretanto, também não podemos criar um “evangelho” paralelo que dificulta e impede as pessoas de se achegarem ao Criador.

 

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2021 – O Ano do Discipulado
de uma igreja bíblica e relevante

Pastor Ronildo Queiroz
Serviçal da Igreja de Jesus Cristo

 

Referências

Referências

LIDÓRIO, R. Sal e Luz: compreendendo, vivendo e praticando a missão. Revisão: Rita Leite. Belo Horizonte: Betânia, 2014.

MACDONALD, W. O discipulado verdadeiro. Traduzido: Emirson Justino. 2. ed. – São Paulo: Mundo Cristão, 2009.

MANNING, B. Falsos, metidos e impostores. Tradução: Robinson Malkomes. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

PHILLIPS, K.W. A formação de um discípulo. Tradução: Elizabeth Gomes. 2. Ed. ver. e atual. – São Paulo: Editora Vida, 2008.