Pastoreio #54

UNIDOS NO AMOR

O que nos faz permanecer juntos, o que nos leva a respeitar uns aos outros, considerando as fraquezas e virtudes, suportando uns aos outros não é outra coisa senão o amor. O amor que nos uniu partiu de Deus (Jo. 3.16), esse amor foi sacrificial, pois o Pai amou os seres humanos de forma ímpar entregando o seu Único Filho para morrer por nós.

Com base nesse exemplo poderoso do amor de Deus, nós cristãos temos o dever de imitá-lo, o Senhor poderia ter destruído a Adão e Eva após terem pecado contra Ele, mas ao invés disso traçou um plano para resgatar os seres humanos, plano esse que envolveu a entrega de seu Único Filho para morrer em nosso lugar, satisfazendo assim a exigência da lei, derramando sangue do Cordeiro imaculado, para então poder gerar vida para nós que estávamos destituídos da glória de Deus ( Rm.3.23).

Nossa convivência em união não se dá por sermos liderados por esse ou aquele líder, por fazer parte dessa ou daquela denominação, mas nossa a convivência pacifica, respeitosa, perdoadora e harmoniosa ocorre mediante a fé em Cristo que é o amor do Pai encarnado para a sua Igreja. Todos os cristãos deveriam abrir mão de querer satisfazer as suas próprias vontades para obedecer a Cristo.

Se antes a nossa confiança estava em alguma religião, falsos deuses ou crendices quaisquer que sejam, agora nossa fé está na prova cabal do amor de Deus que veio até nós, Jesus Cristo!

O apóstolo Paulo afirma que agora a sua confiança não está mais na circuncisão (Gl.2.20), mas na fé em Cristo Jesus, essa fé o fez abrir mãos dos seus ensinamentos farisaicos, da sua pretensa vida piedosa, mas agora havia recebido e compreendido a expressão visível do amor de Deus, Jesus Cristo.

Gálatas 2.18-21
18 Se reconstruo o que destruí, provo que sou transgressor. 19 Pois, por meio da lei eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. 20 Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. 21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela lei, Cristo morreu inutilmente! “
(Bíblia utilizada: NVI)

 

1º Recorte – O AMOR ACIMA DAS CAPACIDADES

Parece que alguns estão tão envolvidos com as tarefas, com as atividades religiosas, culto ou outra atividade em nome de Deus, que passaram a se tornar mais cumpridores de tarefas do que filhos e filhas do Senhor.

Com essa escrita não tenho a intenção de desmotivar a ida ao templo ou o fazer em prol da obra de Deus, mas pretendo chamar a sua atenção para lembrá-lo que nossas habilidades e capacidades não foram o que nos trouxeram para Cristo, mas foi o amor do Senhor por nós, foi a morte de Jesus na cruz, foi pela pregação do evangelho e ajuda do Espírito Santo que nós viemos para Ele, crendo e confessando Jesus Cristo como nosso Único Senhor. 1 João 4. 19 “Nós amamos porque ele nos amou primeiro.”

O plano de salvação do Senhor não foi feito para os capazes e perfeitos, Jesus não veio para os sãos, mas para os doentes (Mt.9.12), os que necessitam e não teriam como ser salvos. Ao querer salvar os homens, o Senhor revela o seu imenso amor por nós, salvando através de Cristo Jesus, sendo assim, devemos disseminar desse amor convivendo em união.

Ter os dons não nos isenta de amar, os dons não estão acima do amor, na verdade o apóstolo ressalta (1 Co.13.01) que mesmo tendo os dons, nada pode compensar a falta do amor. Não somente isso, Paulo escreve que os dons somente terão sua utilidade enquanto a igreja estiver na terra (1 Co.13.08), sendo assim na glória com o Senhor, as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará, pois nos céus não terão mais utilidades, entretanto o amor nunca perece.

1 Corintios 13
01 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 02 Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. 08 O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. 13 Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.
(Bíblia utilizada: NVI)

Na escrita do apóstolo, a fé, a esperança e o amor permanecessem indissolúvel, mas o amor é ainda maior que a fé e a esperança, Bruce diz que “O amor é o telhado dos outros dois (fé e esperança)”. Fonte: Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamentos, F.F.Bruce, Editora Vida.

Podemos ser altamente capazes no fazer algo, ser exímios realizadores de tarefas, cumpridores dos desafios e até eficazes no que nos dispomos a fazer, mas não podemos colocar essas habilidades acima do amor a Deus e ao próximo, ou ainda, não podemos deixar de cultivar e regar esse amor.

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EM QUE O AMOR CONTRIBUI COM A OBRA DE DEUS?

Argumentação >

O amor bíblico, ou seja, aquele que o Espírito Santo gera em nós (Gl.5.22), deveria nos fazer ser mais tolerantes uns com os outros e mais misericordiosos, quando amamos podemos conviver em união até mesmo com aqueles que não querem o nosso bem. Não se trata de sermos bons em nós mesmos, mas de após ser amado por Deus e por Ele salvos, mesmo sem merecermos, reconhecer que nossos relacionamentos precisam, da nossa parte, ter uma dose maciça de amor, do amor que recebemos de Deus.

Se os cristãos amassem mais uns aos outros, penso que teríamos menos divisões, que teríamos menos contendas, menos maldades contra o próximo, pois ainda que tomados pelo nosso egoísmo humano, seriamos dirigidos pelo Espírito Santo e o amor se sobressairia.

Se de fato amassemos, não brigaríamos por status, antes consideraríamos os outros superiores a nós mesmos, não pela ótica do mérito ou da capacidade, mas por reconhecermos que assim como Deus nos amou, perdoou e capacitou, nós também devemos amar, perdoar, ajudar e considerar o próximo (Fp. 2.1-8).

Quando temos o amor de Cristo em nós, passamos a disseminar desse amor com outras pessoas nos mais diferentes ambientes, o amor nos faz respeitar a dignidade do outro, ainda que venhamos a discordar em alguns assuntos, todavia não o agredimos fisicamente ou com palavras de baixo calão, nossa conduta com o próximo é respeitosa, mansa e paciente.

Colossenses 3.12-14
12 Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. 13 Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. 14 Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito.
(Bíblia utilizada: NVI)

Se não tivéssemos nenhum dom, mas vivêssemos o amor que a palavra de Deus nos manda viver, certamente a obra de Deus seria beneficiada, através do amor insistiríamos mais pela vida do próximo, julgaríamos menos, nos importaríamos e nos sentiríamos responsáveis pelo outro, sem querer dominá-los.

O mundo foi impactado pelo amor, Jesus é a prova cabal do amor de Deus pelos seres humanos, nossas obras são más e pelas obras não mereceríamos favor algum do Senhor, antes nossa salvação foi por graça, favor que não merecemos.

O amor coopera e contribui com a obra de Deus, (Fp.4.02-03), o apóstolo Paulo roga a Evódia e Síntique que vivam em harmonia, pois a manutenção do conflito entre elas poderia afetar a obra do Senhor, a Igreja de Deus. Meus iguais em Cristo, que não permitamos que as nossas diferenças e a falta de amor venham trazer prejuízos à obra de Jesus.

Se de fato amarmos como Jesus nos manda amar, acredito que mais pessoas virão para a nossa denominação, mais caídos serão restaurados, com um maior comprometimento a obra de Deus será realizada e que levaremos de casa o nosso culto ao Pai, ou seja, viveríamos em verdade não somente no templo, mas em todos os lugares.

2º Recorte – O AMOR NÃO É SINÔNIMO DE FRAQUEZA, MAS DE FORTALEZA

Alguma vez você já ouviu cristãos falarem a seguinte frase, “toda ação tem uma reação”, geralmente envolvendo situações em que o mesmo sofreu algum prejuízo, perda ou se achou injustiçado?

Essa fala talvez signifique dizer, “…olha não é porque eu sou cristão que não vou devolver o mal com o mal”, ou então, “…eu sou cristão, mas não sou bobo”, ou ainda a famigerada frase “…eu sou crente, mas meu braço ou mão não são”.

De modo geral as pessoas não querem ficar por baixo, só que para o cristão os valores e princípios são inversos aos do mundo não cristão, a nossa vitória não está na força do nosso braço, mas está no Senhor, quando não reagimos com brigas, gerando contendas, ou ainda fomentando a agressividade entre as pessoas, estamos sendo pacificadores, logo, filhos e filhas de Deus.

Quando lemos e ouvimos a palavra de Deus tendo-a como bússola para a nossa vida, podemos dizer que somos ousados e tementes ao Senhor, pois em uma época tão cruel como a que vivemos seguir o modelo de Jesus para o mundo é loucura.

Segundo Martinho Lutero – o grande reformador (1483-1546), “o que o pastor é para o rebanho, a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a cabra montês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis.”

Nosso manual de regra de fé e conduta é a palavra de Deus, seguimos os seus princípios não como sendo forçados, debaixo de castigos, mas cremos e seguimos por perceber quão grande amor Deus tem para conosco. Foi a entrega de Jesus na cruz por amor a nós que nos convenceu, Ele mesmo sendo Deus (Fp.2.06), não usurpou ser igual a Deus, antes por amor, sendo Forte, se fez fraco morrendo na cruz, forma de morrer que expunha e desonrava o condenado a tal suplicio.

O exemplo de Jesus deveria em todos os momentos nos constranger a imitá-lo, o apóstolo Paulo se declara imitador de Cristo (1 Co.11.01), imitar a Cristo é o mínimo que podemos fazer para tentar retribuir o amor Dele por nós.

Para amar como Jesus nos amou teremos que, como um certo amigo me dizia engolir alguns mandruvás vivos (lagartas), suportar, perdoar, sempre buscando o bem do próximo. O amor de Cristo esvazia o nosso ego, nos faz ter sentimento de pesar quando erramos contra Deus, nos leva a enfraquecer a nossa carne, o nosso velho eu, mas em contrapartida fortalece a nova criatura em Cristo Jesus.

O teólogo do século treze, Antônio de Pádua, disse em uma de suas aulas “de que vale estudar se o conhecimento não se transformar em amor?”

No texto de Lucas 22, Jesus não somente ensina os seus discípulos na teoria, mas também na prática, apesar de ser Deus, age como sendo mais um servo, que serve por amor ao Pai e por amor aos discípulos.

Lucas 22.24-27
24 Surgiu também uma discussão entre eles, acerca de qual deles era considerado o maior. 25 Jesus lhes disse: “Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores. 26 Mas, vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. 27 Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve.
(Bíblia utilizada: NVI)

Algumas pessoas possuem a necessidade de serem reconhecidas, bajuladas, aplaudidas e admiradas, entretanto Jesus não buscou isso, Ele foi decidido ao gólgota, lugar de humilhação, Ele estava disposto a carregar a cruz, tais disposições estavam muito distantes das expectativas dos judeus que esperavam um rei libertador, um homem forte empunhando um espada, um escudo com um numeroso exército que deporia o império de romano.

Ao invés de espadas, lanças e carros de guerra, Jesus veio com a arma mais poderosa que o mundo já conheceu, o amor, através do seu amor ele ensina que o perdão deveria ser dado não somente aos amigos, mas também aos inimigos.

A vida com Deus não pode ser somente teórica, precisamos ser “fracos” para o mundo, sabendo que somos fortes para Deus.
O escritor Brennan Manning, em seu livro “Falsos Metidos de Impostores”, da editora Mundo Cristão, escreveu a seguinte frase:

“Um compromisso que não se torne paulatinamente visível na forma de serviço humilde, discipulado compassivo e amor criativo não passa de uma ilusão.”

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POR QUE NÓS CRISTÃOS Não amamos como o senhor nos manda?

Argumentação >

Talvez por vivermos em um mundo aonde as pessoas são categorizadas entre bobas e espertas, provavelmente por vivermos em uma sociedade em que ser mau, ser egoísta e sem amor para com o outro é visto como virtude. É preciso como cristãos não nos moldarmos demais a cultura secular (Rm.12.02) que não tem a bíblia como referência para seus comportamentos.

Talvez nós cristãos precisemos fazer uma leitura da bíblia sem pressa, meditando no que a escritura traz para nós como padrão de vida e vontade de Deus. As vezes penso o quanto as pessoas têm consumido de filosofias e ideologias que estão extremamente distantes da orientação de Deus, bem como as vezes nossos desejos são saciados através de palavras e pregações que acariciam nosso ego (2 Tm. 4.03), mas não produz libertação.

Talvez não amamos como Jesus nos ensinou, por não sentirmos a dor do outro, por não considerarmos que todos somos pecadores e carentes da misericórdia de Deus.

Quem sabe a nossa incapacidade de amar esteja ligada a querermos a qualquer custo ser reconhecido, ter status, fazer brilhar a nossa “luz”, quando assim agimos damos espaço para os ciúmes, a inveja, as contendas e pensamentos impuros.

As vezes não conseguimos amar como Cristo nos ensinou por acharmos que já somos tão crentes e perfeitos (Lc. 22.31-33), e esse tipo de sentimento nos faz ter comportamentos insensíveis, cruéis e imaturos na ótica do genuíno cristianismo.

Para se pensar…

Será que a falta de demonstração prática do amor que Jesus nos instrui a viver, não tem sido um dos motivos pelos quais a igreja não tem conseguido um maior avanço no que diz respeito a pregação do evangelho e a salvação de almas?

Quando amamos não medimos esforços para ajudar, alcançar, perdoar e auxiliar as pessoas, não tememos os muros das adversidades, pois o amor nos leva a ter um comportamento ousado, nos ajuda a colocar o Pai em primeiro lugar, a ponto de não nos limitarmos, antes avançamos falando para outras pessoas do grande amor de Deus.

É através do amor que recebemos de Deus, pela fé que temos em seu Filho Jesus, que passamos a ser novas criaturas, novas pessoas com novas maneiras de pensar, novos comportamentos, novas maneiras de reagir e de interagir com o mundo. É um verdadeiro desafio para nós seres humanos termos um comportamento como Jesus teve, perdoar como Ele perdoou, amar como

Ele amou, todavia precisamos munidos da fé em Jesus, dar passos firmes e constantes em direção a vivência desse amor.

Entretanto não acredito que sozinhos conseguiremos ter, vivenciar e demonstrar esse amor tão pleno e restaurador, mas graças a Deus temos em nós a presença poderosa e norteadora do Espírito Santo. É o Espírito que nos ajuda em nossas fraquezas, mudanças de comportamentos (Gl.5.22-26), recaídas e restauração dos filhos que se haviam perdido, mas que agora foram achados pelo Pai através do Filho Cristo Jesus.

 

2018 – O Ano da Unidade
sendo uma igreja bíblica e relevante

Pastor Ronildo Queiroz
“sou mais um” caco entre outros cacos de barro! Isaías 45.9