Pastoreio #61

A SANTIDADE NOSSA DE CADA DIA

Começo a escrita desse pastoreio deixando claro que nós cremos em um Deus que não é como os falsos deuses venerados pelos pagãos, a bíblia descreve quem é o Criador de todas as coisas, o Único Deus, bem como o que Ele espera da sua criação.

A santidade não é uma opção para os discípulos de Jesus, antes, é um modo agir e reagir, um modo de vida daqueles que fazem parte do reino de Deus, ser santo implica em escolhas pessoais baseadas na Escritura e não em nossos desejos e paixões.

A palavra santo (4, p.847), segundo alguns estudiosos tem a sua raiz hebraica “KDSH”, significando separado, ou seja, inteiramente outro.

De acordo com John L. McKenzie (4, p.847), “No antigo testamento a santidade não é sobretudo uma qualidade física nem moral, mas um atributo que combina ambas; ela toca o homem ora de uma maneira, ora de outra. Fisicamente a presença da divindade na linguagem ou na ação é perigosa ao homem; e a visão da divindade é normalmente fatal; o caráter “inteiramente outro” da realidade divina, não permite que uma realidade menor se aproxime.”

Ao falarmos da santidade de Deus precisamos ter em mente que não a conhecemos plenamente, Moisés conseguiu ter uma breve ideia da santidade de Deus, percebendo a glória do Criador (Êx. 33.22,23), ainda assim, Moisés não pode ver a face do Senhor, pois certamente produziria morte em um ser tão frágil, cheio de desejos, paixões e falhas.

Outro exemplo do relampejo da santidade de Deus manifesta como glória pode ser lido em Isaías 6.01-07, a incapacidade humana em entender de modo pleno a santidade de Deus pode ser mais bem compreendida na fala do profeta Isaías:

Isaías 6.05
Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!

Ao pensarmos sobre santidade é preciso ter a clareza em nossa mente que nos relacionamos com um Deus que está muito acima das nossas percepções, entretanto em sua palavra Ele nos dá princípios, morais e éticos que devemos seguir.

“Quando Iahweh mostra-se santo, ele demonstra sua divindade. Trata-se sempre de uma demonstração de poder, mas de um poder voltado para algum propósito digno da divindade; Iahweh mostra-se santo também na manifestação de suas exigências morais. (4, p. 847)”

John Davis escreve (5, p.1114), “em um sentido mais lato, Deus é santo porque é separado de todos os outros entes pelas suas infinitas perfeições, como, a sabedoria, o poder, a santidade, a justiça, a bondade e a verdade, cuja glória enche a terra, Isaías 6.03.”

Considero ser importante abordarmos esse assunto, pois parece que as demarcações entre o santo e o profano se tornaram quase que imperceptíveis para alguns cristãos, claro que em dado momento o segmento evangélico brasileiro provavelmente influenciado pelas culturas do exterior acabaram produzindo alguns tabus, e estabelecendo alguns “pecados” que de fato a bíblia não classifica como pecado. A mistura e confusão entre o que de fato é pecado biblicamente falando, com alguns comportamentos que a bíblia não classifica como pecaminosos, acabaram por produzir “fardos” pesados e desnecessários que parece ter gerado certo desânimo na Igreja de Cristo.

O fato é que provavelmente alguns exageros impostos aos cristãos, tais como, condenações, proibições de algumas coisas, a repreensão de alguns comportamentos tidos como pecaminosos, mas que posteriormente foram esclarecidos através de estudos mais aprofundados da bíblia, que algumas dessas condenações e repreensões não eram condenadas pela palavra, parece ter gerado algum tipo de revolta em alguns cristãos que acabaram se entregando a todo tipo de comportamento e crença, talvez devido a sentimentos e comportamentos que foram reprimidos pelos homens e não pela palavra de Deus.

Também é verdade que alguns cristãos parecem ter ido para o outro extremo, ou seja, nada mais é pecado ou condenado pela Escritura, o que também é um erro, por isso, é necessário termos uma interpretação adequada da bíblia, bom senso e vida de oração com o Senhor, para evitarmos nos perder em meio as nossas cobiças.

Penso ser importante não só uma releitura bíblica, mas uma reflexão e interpretação honesta dos textos bíblicos, pois a bíblia interpreta a si mesma, ou seja, sem o uso de teologias partidarizantes que acabam por darem um jeitinho de colocar o evangelho dentro de suas convicções e perspectivas sociais, culturais, religiosas, morais e éticas.

Se por um lado existiram exageros no passado atrelando uma vida em santidade somente aos usos e costumes (estereótipo), o que é claro que precisamos ainda nos dias de hoje termos bom senso para se evitar os exageros cometidos por alguns cristãos, por outro lado, atualmente parece que tudo é lícito aos cristãos.

A vida separada para o Senhor está perdendo espaço para a bebida alcoólica, drogas, sexo antes do casamento, pornografia, adultérios, homossexualismo, comportamentos inadequados sem o devido temor a Deus, o abraçar integralmente a cultura do mundo sem levar em conta se ferem os princípios da palavra do Criador, alguns cristãos chegam a voltar a velha vida idolatra e de mentiras, tendo a mente cauterizada impedindo os mesmos de perceberem/discernirem o que é santo e o que é profano.

É sempre saudável usar em todos os tempos uma boa dose de bom senso, as vezes com o objetivo simplesmente de demonstrar insatisfações a certas proibições sem base bíblica, alguns cristãos podem acabar ultrapassando a linha divisória da moralidade e acabar abraçando princípios contrários a bíblia, bem como a terem comportamentos que em nada glorificam a Deus.

O mundo como, cultura, forma, usos e costumes, meios de comunicação, crenças, valores, justiça, sociedade e comportamento dos indivíduos passam por constantes mutações, penso que o maior desafio para a Igreja de Cristo é manter-se cristã segundo a palavra de Deus.

O sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), escreveu sobre a “modernidade liquida”, considerando alguns fatores da vida cotidiana e seus desafios, as pessoas passaram a ter a sensação de que não existe mais nada que seja sólido, ou seja, tudo muda, se adapta e atendendo as necessidades dos indivíduos, tudo é líquido e se dissolve rapidamente.

Segundo Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke, amparada na ideia e escrita de Bauman, escreve que:

“Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da “liquidez” para caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades “auto-evidentes”. É verdade que a vida moderna foi desde o início “desenraizadora” e “derretia os sólidos e profanava os sagrados”, como os jovens Marx e Engels notaram. Mas, enquanto no passado isso se fazia para ser novamente “reenraizado”, agora as coisas todas – empregos, relacionamentos, know-hows etc.- tendem a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis”

Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/4_Encontro_Entrevista_A_Sociedade_Liquida_1263224949.pdf

Como Igreja de Cristo temos um desafio, manter-se separada para Deus, segundo os princípios da palavra, não segundo as ideias filosóficas, religiosas, ou ainda, regidos pelas formas voláteis percebidas na chamada “sociedade líquida”, em que nenhum valor parece criar raízes e se consolidar, permanecer.

Como Igreja de Cristo não podemos ter outro manual de fé e prática que não seja a bíblia, não podemos em detrimento de ideias humanas abrir mão do que é ensino de Cristo, pois cremos que toda a palavra foi inspirada pelo Senhor e se cremos de fato nisso devemos nos submeter a Escritura, corroborando com esse entendimento, Kent Hughes e Bryan Chapell (6, p. 197), escrevem que:

“Não podemos escolher partes da Bíblia para crer que sejam inspiradas. A Bíblia não se apresenta dessa maneira. Mais que isso, as Escrituras não terão poder de nutrir a vida se o próprio indivíduo se tornar o árbitro daquilo que deseja ou não acreditar a respeito delas.”

Não se trata de ter empatia com esse ou aquele partido, personalidade contemporâneo de grande influência, mas de ter um posicionamento separado para Deus, em tempos de apodrecimento dos princípios humanos, não podemos nos deixar ser contaminados com princípios e valores que vão contra a Deus.

Como cristãos temos benefícios enormes quando obedecemos a palavra, em 2 Timóteo 3.16-17, o apóstolo Paulo deixa isso muito claro a seu discípulo Timóteo.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.”
Tentarei ao longo desse pastoreio provocar reações que nos levem a refletir sobre o que é ter uma vida de santidade, como podemos ser separados para o Senhor em meio a tantas mudanças de valores que em grande parte ferem as orientações do Criador para as suas criaturas.

1º Recorte – VIVENDO EM SANTIDADE

Quando fomos encontrados por Jesus, inundados por seu amor e convencidos pelo Espírito Santo, alguns dos nossos comportamentos foram alterados, alguns de nós éramos beberrões, adúlteros, fornicadores, entregues as paixões e prostituições, mentirosos, caluniadores, desonestos, idólatras, sem temor a Deus e aos seus mandamentos, sem misericórdia e amor com o próximo, mas Jesus Cristo imprimiu uma nova forma de crer e de viver.

Quando de fato nos tornamos cristãos, ou seja, aqueles que decidem negar a si mesmos, renunciando uma vida regada e misturada com todo tipo de prazer ilícito, para imitar o modo de ser e pensar de Jesus, percebemos o quão fútil éramos, o quanto nos distanciamos do Criador.

Para McKenzie (4, p.848), “a santidade deriva nas criaturas por alguma associação ou contato peculiar com o divino. Geralmente o termo é encontrado em contextos litúrgicos. O pessoal e os acessórios do culto pertencem a Iahweh de modo peculiar; muito provavelmente este significado primitivo de santidade é o significado original do qual deriva o significado de santidade, como qualidade moral do homem.”

Como lidar com um Deus que é santo, nós seres humanos que somos tão pecadores, criaturas que receberam na queda adâmica o peso do pecado, mesmo atualmente nos aproximando do Criador, as nossas imperfeições relutam em aparecer e ao mesmo tempo, podemos através do conhecimento bíblico realçar a diferença entre a nossa “santidade” e a santidade do Senhor.

I Pedro 1
13 Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado.
14 Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância.
15 Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem,
16 pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”.
17 Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês.
18 Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados,
19 mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito,
20 conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês.
21 Por meio dele vocês crêem em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou, de modo que a fé e a esperança de vocês estão em Deus.
22 Agora que vocês purificaram as suas vidas pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração.
23 Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente. (NVI)

Se tentarmos ser santo, sem a ajuda de Deus, certamente teremos grandes dificuldades e falharemos, pois os nossos parâmetros de santidade não servem aos olhos do Criador, por isso, a ação do Espírito é de grande importância, em Gálatas 5. 22-23, temos os relatos sobre a ação do Espírito em nós, mudanças morais e éticas que passamos a ter e a sermos aperfeiçoados quando cremos em Jesus, tendo em nós o Hóspede chamado Espírito Santo.

Parece que ultimamente alguns cristãos deixaram de perseguir o ser santo, a santificação ou separação da vida para Deus, falar sobre ser separado parece ter se tornado um assunto indigesto para alguns, uma forma arriscada na opinião de alguns líderes para se manter os crentes como frequentadores dos templos. O problema a meu ver é que a Igreja parece ter perdido os diferenciais entre os que se submetem a Deus e os que não se submetem, com isso, a pergunta que fica é porque devo renunciar uma vida de prazeres para me submeter as regras bíblicas, quando alguns cristãos não crêem e não seguem o que professam e aparentemente tudo lhe vai bem.

O apóstolo Pedro em sua escrita acima (1 Pe. 1.13-20), adverte os cristãos a não se renderem a velha forma de vida que tinham antes de terem entregue suas vidas a Cristo, pois agora os mesmos são chamados de filhos obedientes, ou seja, precisam permanecer no ensino de Cristo e no novo modo de vida. Ser filhos obedientes é na minha opinião um grande desafio, mas se o Senhor requer isso de nós, como podemos viver tal exigência.

Como podemos em meio a tantas tentações e provações permanecer em santificação? Pela fé (Romanos 15 e 16), pelo batismo (1 Co. 6.11), pela ação de Jesus na cruz, podemos olhando para Ele, crendo no sacrifício do Filho de Deus no gólgota, assim podemos a partir do conhecimento bíblico e da fé em Jesus resistir as tentações, recebendo a poderosa ajuda do Espírito Santo.

Romanos 6.19
Falo isso em termos humanos por causa das suas limitações humanas. Assim como vocês ofereceram os membros dos seus corpos em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade, ofereçam-nos agora em escravidão à justiça que leva à santidade.

1 Coríntios 1.02
À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos, juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:

(4, p.848) Não podemos entender a santidade como algo a ser vivido somente no templo, mas “também observando os preceitos morais de Iahweh; Israel deve ser santo porque Iahweh é santo (Lv.19.2).”

Mesmo sendo chamados de povo santo, separado para Deus, devemos seguir em santificação, nos separando dia após dia, sempre com a fé em Cristo, dependentes do Espírito.

Alguns comportamentos antes tidos como inadequados para os cristãos, hoje tem sido percebidos entre os crentes, entretanto precisamos verificar na bíblia o que de fato é pecado, princípios ou comportamentos condenados pela palavra de Deus, pois assim conseguiremos separar o que é achismo humano e o que é doutrina bíblica.

Talvez por não termos nos debruçado na bíblia com maior profundidade, criamos alguns “pecados” que a palavra de Deus não os classificam como pecados, a consequência disso é que as vezes podemos estar coando o que não é pecado e engolindo o que de fato a Escritura condena e aponta com pecado.

Precisamos ter em mente que não existe uma escala de pecados, pecadinhos e pecadões, pecado é pecado, talvez criamos uma escala de pecados para com as pedras nas mãos, mediante a pergunta de Jesus (João 8.07), quem não tem pecados que atire a primeira pedra, poder perguntar “que tipo de pecado Senhor?”, para alguns cristãos os seus pecados – por talvez – acharem ser “pecadinhos”, lhe dão o direito de atirar pedras em outras pessoas que cometeram, segundo a sua ótica, “pecadões”, o que mostra o quanto distorcido está o entendimento de alguns cristãos.

De outra maneira, também não podemos fazer uso da Graça de Deus, para achar que temos o direito de viver de qualquer modo, de tolerar as ideias do mundo que de fato sejam contrarias a palavra de Deus, eu costumo dizer que as vezes alguns cristãos querem ser mais misericordiosos e amorosos do que o próprio Deus, isso é utopia.

Alguns crentes em nome de um amor, que não encontra amparo dos textos bíblicos acham uma forma de serem empáticos a alguns comportamentos biblicamente comprovados como pecado, quando isso acontece corremos o risco de deixarmos o amor bíblico, para amarmos como o mundo ama.

O amor do mundo não transforma, não liberta, até porque o mundo nega a Deus, ou seja, não está submetido aos princípios morais e éticos do Criador (Romanos 8.07,08), mas o amor do Senhor confronta, corrige, liberta, restaura, gera vida ao invés de morte.

O ser humano sem Jesus, sem o poder do evangelho, sem a ajuda do Espírito Santo é uma presa fácil as tentações e ações demoníacas, a nossa natureza em si sem Deus é caída, sem a ação do Criador estávamos fadados a condenação eterna, excluídos da glória de Deus.

O próprio Agostinho ao falar das suas tentações escreve (2, p.9) “[…] era impedido, não por grilhões alheios, mas por minha própria vontade férrea. O inimigo dominava-me o querer e forjava uma cadeia que me mantinha preso. Da vontade pervertida nasce a paixão; seguindo a paixão, adquire-se o hábito, e não resistindo ao hábito, cria-se a necessidade. Com essa espécie de anéis entrelaçados (por isso falei de cadeia), mantinha-me ligado à dura escravidão.”

Como cristãos não podemos flertar com os desejos ilícitos, com situações que coloque em perigo a nossa salvação, existe uma vasta gama de possibilidades que podem levar os crentes em Jesus a pecar, alguns por talvez não temerem a Deus se lançam aos próprios desejos e acabam deixando a Deus.

O respeito a Deus é importante, quando respeitamos uma pessoa o amamos, cuidamos, nos portamos de modo a agradar, é assim que nós devemos sentir e nos comportar em relação ao Criador.

“O temor do Senhor prolonga a vida, mas a vida do ímpio é abreviada.” (Pv.10.27)
“Aquele que teme o Senhor possui uma fortaleza segura, refúgio para os seus filhos.” (Pv.14.26).
“O temor do Senhor é fonte de vida, e afasta das armadilhas da morte.” (Pv.14.27)
“O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade antecede a honra.” (Pv.15.33)
“Com amor e fidelidade se faz expiação pelo pecado; com o temor do Senhor o homem evita o mal.” (Pv. 16.06)
“O temor do Senhor conduz à vida: quem O teme pode descansar em paz, livre de problemas.” (Pv.19.23)
“Temam o Senhor, vocês que são os seus santos, pois nada falta aos que o temem.” (Sl. 34.09)

Sabemos como cristãos que o pecado é sinônimo de morte, sabemos que Cristo não quer que seus discípulos tenham uma vida escravizada pelo pecado, mas então, porque os discípulos de Jesus não resistem, não vencem as tentações?

Talvez a escrita de Edward T. Welch (2, p.216), consiga explicar o que tem dado errado, ou seja, por que os crentes pecam e continuam repetindo os seus pecados, “talvez a pessoa esteja brava consigo mesma por repetir o mesmo pecado inúmeras vezes. Isto é uma forma velada de orgulho que presume uma capacidade de fazer o bem por suas próprias forças. Ela está minimizando sua incapacidade espiritual sem a graça de Deus. Para evitar isso, a pessoa precisa louvar a Deus pela defesa sempre presente de Jesus, e precisa traçar um plano de ação bíblico para mudar.”

Talvez o orgulho esteja sendo uma das barreiras que acabam nos separando do amor libertador de Cristo, se erramos e mentimos para nós mesmos tentando justificar nossos atos, seja buscando versículos bíblicos isolados e desconexos dos contextos bíblicos, seja se sentindo diferente dos demais irmãos, se achando mais forte, mais capaz, mais conhecedor das Escrituras, ou ainda, tendo um comportamento arrogante e soberbo, quando deveríamos estar nos humilhando a Deus, pedindo misericórdia ao Senhor e reconhecendo nossa miserabilidade, nossa estrutura falha e pecaminosa.

Lidando com seus desejos e paixões, Agostinho em sua confissões (3, p.295), escreve que “ninguém pode ser casto se tu não lhe concederes esse dom”; e tu o concederias se eu, com gemidos do fundo da alma, martelasse meu pedido em teus ouvidos e com fé firme confiasse a ti as minhas preocupações.”

É possível nos separar/santificar para Deus através da fé em Cristo, negando diariamente os nossos desejos e paixões, confiando na ajuda e na força do Senhor e não em nós mesmos ou em nossa própria força. É impossível um cristão (ã) conseguir vencer as tentações e a apostasia da fé sem o sangue de Jesus, sem a ajuda do Espírito Santo, por isso o melhor caminho para vencermos é depositar a nossa fé em Jesus e depender Dele.

1 João 5.05
Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus.

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POR QUE É IMPORTANTE VIVER EM SANTIDADE?

Argumentação >

Uma vida separada para Deus, evitando o mal, fugindo das tentações é extremamente importante, pois o que está em jogo é a nossa própria salvação que de modo gratuito foi dada por Deus através de Jesus Cristo. Não podemos negociar a graça, abrir mão desse tão grande privilégio por coisas e escolhas que nos afastem de Jesus, ainda que as propostas e prazeres desta terra sejam sedutoras, podemos, ajudados pelo Espírito Santo resistir e vencer as tentações em nome de Jesus (Tiago 4).

Penso que é preocupante ver alguns cristãos deixando de terem uma vida consagrada ao Senhor, para se entregarem a todo tipo de desejo e satisfação da carne, a linha entre o santo e o profano tem a cada dia se tornado mais invisível, talvez estejamos perdendo a noção de quem é o Criador e isso é muito preocupante, pois pode nos levar a viver por conta própria, ou seja, uma decisão altamente arriscada, pois sem Cristo somos presas fáceis do diabo.

Ser santo não é ser religioso, ou seja, aquele que valoriza mais os ritos as formas, que abraça o periférico e descuida-se da essência, obedecer ao evangelho. Precisamos trazer para a vida diária o culto que prestamos tão bem comportados no templo, precisamos com a ajuda do Espírito lutar contra as nossas aspirações pecaminosas, satisfação exagerada do ego, para isso arrumam os argumentos mais variados que vão desde “brechas” interpretadas na palavra para poder pecar, até mesmo a pensamentos e ideias pagãs que de algum modo possam confortar a consciência, daqueles que deixam de se separar para Deus.

Se por um lado temos a consciência das nossas falhas e limitações, por outro, temos a palavra de Deus inspirada e poderosa e o Espírito Santo que nos ajuda a mudar.

Para se pensar…

O tema do pastoreio “a santidade nossa de cada dia”, não teve a ideia de evocar capacidade de nos separar para Deus sem sermos ajudados por Ele, pelo contrário, sem o Espírito Santo nós não conseguiríamos viver nesse mundo corrompido de modo a agradar a Deus, ou seja, para sermos santos devemos ser dependentes do Senhor.

É importante como cristãos não permitirmos que a nossa mente fique cauterizada de tal forma que não consigamos mais perceber o que é vontade de Deus e o que é nossa vontade, meramente humana.

 

 

2019 – O Ano da Consolidação
de uma igreja bíblica e relevante

Pastor Ronildo Queiroz
Serviçal da Igreja de Jesus Cristo

 

 

Referências

1. Bíblia Shedd, Almeida Revista e Atualizada, Editora Vida Nova.
2. Hábitos Escravizadores: encontrando esperança no poder do evangelho. Edward T. Welch. Nutra Publicações.
3. Clássicos da Literatura Cristã: pais apostólicos, confissões, imitação de Cristo. Editora Mundo Cristão.
4. Dicionário Bíblico – John L. McKenzie – Editora Paulus.
5. Novo Dicionário da Bíblia – John Davis – ampliado e atualizado. Ed. Hagnos.
6. A igreja desviada: um chamado urgente para uma nova reforma, Charles Swindoll, Ed. Mundo Cristão.