Pastoreio #92

Conquistando o Mundo

Se há uma conquista que a Igreja precisa observar e se esforçar para alcançar são as almas, através da pregação do evangelho e obedecendo o ide de Jesus (Marcos 16.15), em todo lugar em que um cristão ou cristã estiver, o evangelho da salvação deveria ser anunciando.

Em tempos em que muitas denominações perderam o foco, ou seja, deixando a pregação do evangelho para a salvação do perdido, para priorizarem seus próprios interesses em busca do poder, da participação política, do acúmulo de riquezas e a consolidação de status. Encontrar uma liderança ou denominação que escolha pregar a salvação em Jesus Cristo por obediência a palavra de Deus pode ser cada vez mais raro.

Para Lidório (2014), em um mundo dicotômico onde existem vencedores e perdedores, a proposta do evangelho parece escandalizar os pretensos virtuosos da época de Jesus, em que a morte de cruz não inspiraria, tampouco geraria seguidores, por isso para alguns era loucura, mas para os seguidores do Jesus era o poder de Deus manifestado (Atos 4.12) entre os homens, como única forma da criação ter acesso ao Criador.

A única tarefa louvável a que qualquer denominação se preste a fazer para Deus é pregar o evangelho, batizar e discipular, preparando as pessoas para o glorioso dia do arrebatamento da Igreja de Cristo. Penso que toda e qualquer ação de qualquer denominação que fuja da missão de Deus, a rota precisa ser repensada e corrigida para que de fato, Deus possa ser glorificado e os perdidos possam em Cristo ser encontrados, por meio da pregação do evangelho e da fé em Jesus.

Segundo Fitzpatrick (2018, p.47), “pela obra do Espírito Santo, o evangelho pregado é a semente que nos traz `a vida (1 Pe 1.23-25), o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Ele nos fortalece (Rm 16.25); nos faz estáveis e firmes (Cl 1.23). O evangelho pregado e recebido é o que inicia nossa salvação pelo poder do Espírito e continua a nos salvar; ele é o chão sobre o qual permanecemos firmes (1 Co 15.1,2). Ele nos limpa (Jo 15.3) e lava a nossa consciência (Hb 10.22). A Palavra pregada nos lembra de que somos amados por Deus e, portanto, devemos amar uns aos outros (Jo 3.16; 1 Jo 4.10,11). O Espírito usa a mensagem do evangelho para criar a fé de que necessitamos para invocarmos o Senhor e sermos salvos (Rm 10.13,17).”

Como lemos no trecho acima escrito por Fitzpatrick, tudo que nós precisamos para realizar a missão foi providenciado por Deus, o Cordeiro, o evangelho, o perdão, a justificação e a salvação. Nenhum crente ou Instituição pode oferecer algo na realização da missão que não tenha sido gerado pelo Eterno, logo, podemos considerar que somos coadjuvantes nessa obra, pois o Protagonista é Deus.

A conquista dos que ainda não se renderam ao Senhor Jesus acontece por meio da pregação do evangelho, da fé em Cristo e pela ação do Espírito Santo, nosso papel quanto servos de Deus é anunciar a sua palavra e as boas novas para todo o mundo.

De acordo com Lidório (2014, p.17), “o Pacto de Lausanne, oficializado em 1974 por líderes de 150 países, sintetizou a missão da igreja, expressando que o propósito de Deus é oferecer o evangelho todo, por meio de toda a igreja, a toda criatura, em todo mundo. Deixa, assim, bem clara a missão de Deus; todo o evangelho, todo o mundo, toda a igreja, todo o tempo.”

A missão não é para alguns e sim para toda a igreja que confessa Jesus como o seu Senhor, a pregação não é para uma parte do mundo, mas sim para todo o mundo, rompendo barreiras culturais, dogmas, etnias, religiosidade, condição social, econômica ou financeira, literalmente o evangelho é uma carta aberta para todos os seres humanos.

Se considerarmos que quando uma pessoa se rende a Cristo, através dela outras tantas saberão dos feitos e do amor do Senhor, através do testemunho dos alcançados mais a pregação do evangelho e a ação do Espírito Santo o número dos salvos vão sendo aumentados.  Não existem demarcações ou fronteiras, apenas a ordem do Mestre que ecoa nos corações dos discípulos desejosos por servirem a Cristo, preguem, anunciem e falem de quão grande amor o Pai tem pelos seres humanos que abriu uma porta não por força ou ideia humana, a graça de Deus revelada em Cristo Jesus, com isso, o dano da segunda morte pode, então, ser evitada para os que creem no Filho de Deus.

Segundo Lidório (2014, p.169), “o chamado de Deus à sua igreja é intransferível. Pessoal, pois Deus chama pessoas e não estruturas, gente e não instituições, para que a missão seja cumprida. Intransferível, pois Deus tem um plano específico para cada filho. Chamado e vocação são termos similares na Palavra de Deus, todos os discípulos de Cristo são chamados – convocados – para seguirem e, em todo Novo Testamento, vemos que Deus chama para muitos propósitos.”

As denominações precisam se dedicar a investir na evangelização, no discipulado e na abertura de mais igrejas que anunciem o evangelho por toda parte do mundo. De acordo com Fitzpatrick (2018, p.188), “Michael Green observa que o discipulado na igreja primitiva era intencional e no preparo de homens e mulheres que pudessem evangelizar e plantar novas comunidades cristãs.”

Precisamos ressaltar que a conquista de almas para Cristo, não pode ser confundida com expansão geográfica de uma denominação, percebe-se que alguns líderes religiosos exaltam muito mais o crescimento institucional que, as vezes ocorre criando atrativos para ter em sua igreja as pessoas que congregam em outras denominações, talvez em alguns casos com promessas de cargos eclesiásticos e/ou posição de destaque no corpo diretivo da igreja, caso o membro prestes a ser “pescado” se deixe “pescar.”

O Deus Criador dos céus e da terra não enviou o seu Único Filho (João 3.16), para morrer pela humanidade com o objetivo de alimentar os egos dos líderes religiosos e acirrar as disputas denominacionais. O maior patrimônio que a Igreja pode angariar e acumular será o galardão, e esse será dado pelo Senhor, antes, porém, somente pelos serviços prestados para Deus e que de fato glorifiquem a Ele.

Em uma de suas escritas, Manning (2005, p.140), denuncia a Caifás, “algo terrível aconteceu a Caifás. A religião abandonou o domínio do respeito pela pessoa. Para Caifás o sagrado tornou-se instituições, estruturas e abstrações. Ele dedica-se ao povo, de modo que indivíduos de carne e osso são dispensáveis.”

Precisamos tomar cuidado para não perdermos de vista qual o nosso real papel, enquanto Igreja de Cristo na terra, pois se não estivermos atentos poderemos ser tragados pelo mar da religiosidade, cujo maior objetivo parece ser o de manter os seus postos, prestígios e ganhos.

Me parece razoável que, antes de nos envolvermos em causas e atividades, sejamos cautelosos em confirmar se o que estamos prestes a fazer ou nos comprometer, tem de fato conexão com a missão de Deus. A evangelização do mundo por si só já é muito trabalho para ser realizado, a missão irá provar a nossa fé, resiliência e amor a Deus ao longo do caminho, por isso, nós que pregamos a graça de Deus para as outras, precisamos estar cientes que também dependemos do favor imerecido do Pai.

 

  Recorte >>>

Conquistando o mundo para Jesus Cristo!

Ao decidirmos pregar o evangelho, também precisaremos nos dispor a vencer os nossos próprios pré-conceitos, barreiras que nós mesmos construímos, talvez nos esquecendo que Jesus morreu por todos e que somente pelo sacrifício Dele podemos ter a vida eterna.

O mundo tem emitido sinais contundentes de que tudo está indo de mal a pior, justamente por não crerem no Filho de Deus, por terem virado os seus rostos contra o Senhor, por isso a Igreja tem um vasto território e inúmeras pessoas para serem alcançadas pela graça de Deus.

Compartilho da ideia de que, se queremos conquistar o mundo para Jesus, não podemos nos limitar ao nosso mundo interno, ou seja, nossas crenças limitantes, tradições e dogmas que talvez acabem por gerar algum nível de dificuldade quanto ao nosso papel na missão.

A nossa cultura não pode servir como uma trava que prejudique a pregação do evangelho, talvez ainda fazemos separação entre os que “nos agradam” e os que não nos agradam.” Um(a) crente que se dispõe levar a sério o Ide de Jesus não pode se deixar levar pelos seus gostos, suas formas, seus usos e costumes que quando impostas acabam por prejudicar a colheita de almas para Cristo.

Imaginemos um grupo de cristãos cujo interesse é anunciar as boa novas, entretanto começam a escolher para quem irão anunciar o evangelho baseados em seus gostos pessoais, ou ainda, somente para as pessoas com quem forem com a cara!

Em Atos 10.34 o apóstolo Pedro viu cair de seus olhos as escamas do pré-conceito em relação aos gentios, pois achava que a graça de Deus e o evangelho somente era para os judeus. Assim como foi com Pedro, a igreja precisa pedir ao Espírito Santo para ser despojada de todo e qualquer julgamento que não tenha amparo bíblico, e mesmo assim, deve considerar que o seu papel não é converter as pessoas a Cristo, mas anunciar o evangelho confiando que o Espírito Santo é quem fará a obra a conversão.

Quem sabe o mundo a ser conquistado está ao lado da nossa casa, os vizinhos, ou ainda, no local de trabalho, na universidade e no meio social que frequentamos, Cristo conta com a sua igreja nas ruas, nas vielas, nos becos, nas cidades, nos vilarejos, nos países e provavelmente nas casas dos “Zaqueus” da vida que muitos não quiseram incluir no plano de salvação, mas Deus o quis e nos comissiona para levar a boa semente para todos os caídos, enfermos, excluídos, pecadores e necessitados que carecem receber a Cristo em suas vidas.

Para conquistar o mundo para Jesus, necessariamente não precisamos realizar missões transculturais, ainda que também são importantes e devem fazer parte do planejamento missionário da igreja. Podemos anunciar o evangelho de Jesus por onde passarmos, postos de gasolina, bares, padarias, mercearias, mercados, cafeterias, papelarias, borracharias, deposito de materiais de construção dentre tantos outros lugares que frequentamos.

Somos privilegiados por ter sido alcançados pelo Senhor, por ser amados por Ele e poder compartilhar do que Ele tem realizado em nossas vidas, com isso, podendo impactar a tantas outras pessoas, não pelos nossos méritos, pois somos imperfeitos, mas pela graça de Deus, seu infinito amor, misericórdia e poder.  Não me parece razoável guardar somente para nós tudo o que Ele tem feito em nossas vidas sem testificar da sua palavra e feitos que pode alcançar a outros que também carecem do amor e da graça do Senhor.

A palavra de Deus diz que nós somos o sal da terra (Mateus 5.13), e precisamos gerar sede nas pessoas que nos rodeiam, entretanto isso somente será possível se amarmos a Deus e nos humilharmos aos pés de Cristo, sempre buscando-o como dependentes Dele, carentes do seu amor e da sua misericórdia.

Não podemos perder o efeito, não podemos nos tornar insípidos, por isso precisamos sempre nos lembrar que somos vasos de barro e que o Senhor da Igreja, Ele sim é fiel e tem poder para garantir a sua palavra e completar a sua obra, sigamos firmes em Jesus e, então, poderemos conquistar o mundo para o Mestre.

 

Ponto de contato >>>

Não tem a ver conosco, antes, porém, tem a ver com Deus!

Argumentação > 

Quando insistimos em ter parte na glória que pertence somente a Deus, nos deparamos com as nossas imperfeições que certamente implicam em talvez dificultar o ato de crer dos que não conhecem a Jesus. Graças a Deus é Ele próprio quem garante a sua obra, planejou, providenciou, executou e consolidou o seu plano de redenção e salvação dos seres humanos.

Nós podemos ser usados pelo Senhor, as pessoas até podem nos admirar, entretanto, nunca podemos nos esquecer que sem estarmos ligados na videira (João 15.05), somos apenas varas que seriam lançadas ao fogo, mas em Jesus podemos dar muitos frutos de modo a glorificar a Deus e alcançarmos muitas pessoas para o seu reino.

O mesmo Deus que criou todas as coisas, também é poderoso para refazer, consertar e mudar os rumos da história, por isso, precisamos sempre confiar, não em nós ou em nossa capacidade, mas na soberania, amor e poder do Senhor que faz com que as almas venham para Ele através da pregação do evangelho de Cristo.

Por mais que o Senhor nos use, o apóstolo Paulo deixa claro que o mérito do êxito é do Senhor, 1 Coríntios 3.06 “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Podemos ser experts no que fazemos para Deus, podemos ter um alto nível de influência e oratória eloquente, mas ainda assim, a boa colheita somente virá com a ação do Senhor.

Faz parte do plano do Criador, Ele não perderia o ser humano, por isso, enviou a Jesus que não poderia ser vencido pelo pecado, nem pela morte, tampouco pelo diabo.

E Deus fez isso por nos amar, por querer o nosso bem, então, me parece razoável que a igreja que outrora estava fadada ao inferno, mas agora em Cristo a vida eterna, tem a obrigação de também proclamar as boas novas a tantas outras pessoas.

João 3.16-18

“Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho, seu único filho, pela seguinte razão: para que ninguém, precise ser condenado; para que todos, crendo nele, possam ter vida plena e eterna. Deus não se deu ao trabalho de enviar seu Filho apenas para poder apontar um dedo e acusador e dizer à humanidade como ela é má. Ele veio para ajudar, para pôr o mundo nos eixos outra vez. Quem confiar nele será absolvido, mas quem não confiar terá sobre si, sem o saber, uma sentença de condenação. E por quê? Porque não foi capaz de crer no único Filho de Deus quando este lhe foi apresentado.”

(Bíblia de Estudo A Mensagem: bíblia em linguagem contemporânea. Editora Vida)

Primeiramente nós fomos conquistados por Jesus, agora somos instrumentos nas mãos do Mestre para levar o seu evangelho a tantas outras pessoas quantas conseguirmos anunciar que Deus é bom e que espera de braços abertos a todos quantos crerem em seu Filho.

  

Para se pensar…

O que temos colocado como prioridade no lugar da missão dada pelo Senhor? O que a Igreja de Cristo precisa ter como meta?

 O ide de Jesus tem ocupado o papel central em nossas ações, em nossos projetos ou investimentos enquanto trabalhadores do reino de Deus?

 O que nos sacia, alcançar as almas para Jesus através da pregação do evangelho e a ação do Espírito Santo ou ser reconhecidos como um grande homem ou uma grande mulher de Deus, em ter o nome da Instituição reconhecido em toda a parte do mundo ou tornar Jesus conhecido em todo o mundo?

 

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2023 – O Ano da Conquista
uma igreja bíblica e relevante

Pastor Ronildo Queiroz
Serviçal da Igreja de Jesus Cristo

 

Referências

FITZPATRICK, E.M. Aconselhamento a partir da cruz: conectando pessoas ao poder curador do amor de Cristo/ Elyse M. Fitzpatrick, Dennis E. Johnson; tradução de Lucélia Marques. São Paulo: Vida Nova, 2018.

LIDÓRIO, R. Sal e Luz: compreendendo, vivendo e praticando a missão. Revisão: Rita Leite. Belo Horizonte: Betânia, 2014.

MANNING, B. O evangelho maltrapilho. Traduzido por Paulo Purim. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.

PETERSON, E.H. Bíblia de Estudo A Mensagem: Bíblia em Linguagem Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2014.